Era uma vez uma senhora loira e bem parecida que se dirige a uma imobiliária para comprar um apartamento num luxuoso condomínio fechado no Algarve. Paga em numerário o sinal do contrato de promessa de compra e venda e agenda uma visita ao apartamento com o marido para uma data próxima. No dia combinado a senhora loira e já não tão bem parecida visita o condomínio acompanhada pela sua extensa família de etnia cigana. No meio de uma grande algazarra, as crianças saltam para a piscina vestidas, os adultos combinam grandes churrascos na relva e festas até amanhecer. O promotor imobiliário entra em pânico e tenta cessar o contrato, o que só sucede a troco de uma choruda indemnização.
Esta história é verídica e veio relatada no Público há umas semanas. E eu acho-a uma parábola deliciosa sobre como os estigmatizados revertem o estigma a seu favor financeiro, como as fortalezas urbanas revelam fraquezas quando os que é suposto ficarem de fora compram o direito a estar lá dentro e como erroneamente se julgam e classificam as pessoas com base só nas aparências. É assim a modernidade avançada.
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1 comentário:
Tive o prazer de incluir a história que recontas num relatório para a Comissão. É só uma anedota em nota de rodapé, oferecida como ilustração de que, havendo engenho e arte, até a discriminação pode ser tornada um recurso. Simplesmente delicioso. Feliz por vos ler de novo.
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