sábado, novembro 08, 2008

Congratulations, Mr. Obama

Só mesmo um evento histórico desta magnitude para acordar este blogue da hibernação. O meu anti-americanismo sofreu um importante revés no dia 5 de Novembro. A América dos red necks, do klu klux klan, de Guantanamo, do criacionismo, da rifle association, por uma vez saiu derrotada por um skinny black man with a funny name. É inteligente e bonito, carismático e cativante. Neste momento é o meu herói.

sábado, julho 26, 2008

Esta canção é viciante

Dark knight

É tão fabuloso como se diz por aí. É uma obra de sétima arte. Não é um filme de pipocas, não é um filme de ecran verde e efeitos digitais, não é um blockbuster de Verão inane. Pode ter os gadgets, as perseguições a alta velocidade, as explosões pirotécnicas e o herói de banda desenhada. Mas também tem um leque de actores magnífico, um argumento sólido, uma moral profunda. Negro como a noite, não tem happy ending consolador. "You either die a hero or live long enough to see yourself become the villain"

terça-feira, junho 10, 2008

Ljubljana





Aproveitando a curta distância entre estas capitais balcânicas, os dragões meteram-se no comboio e foram visitar a cidade que os tem como símbolo. Parecida com Zagreb na sua atmosfera de Europa central (uma interessante mistura de construção medieval, barroca, arte nova e soviética), Ljubljana é mais bonita, mais mignon e mais cosmopolita. Ser parte da União Europeia e uma cidade universitária também ajuda.

quinta-feira, junho 05, 2008

Impressões de Zagreb





Não é a mais bela das cidades da Europa, nem nada que se lhe pareça. É a capital de um pequeno país, de que restam vestígios medievais, barrocos, arte nova e socialistas. Como todas as cidades civilizadas, tem esplanadas, comércio aberto até horas decentes e muita gente nas ruas. Tem um certo charme decadente, nas casas de paredes sem reboco e janelas partidas. Mas de resto é igual a tudo mais na Europa...

sexta-feira, maio 23, 2008

Contos da modernidade avançada














É arte? É ciência? É uma declaração sobre a comunicabilidade nas sociedades contemporâneas? O "telectroscópio" abriu ao público em Londres e Nova York. Passeantes à beira rio/mar podem espreitar através da geringonça e trocar acenos (e mesmo mensagens escritas) com gente do outro lado do oceano. O criador diz que há um túnel submarino a ligar as duas cidades. É uma fantasia curiosa. Mas também garante que este dispositivo não se baseia na ubíqua Internet. Pelas imagens e pelo site faz lembrar algo saído das páginas de Jules Verne, revisitando uma época mágica de confiança ilimitada na ciência e na engenharia. Espreitar é grátis, mas como tudo actualmente, esta também é uma máquina de fazer dinheiro através da venda de merchandising. É assim a modernidade avançada...

domingo, maio 04, 2008

O sol do circo



Eu fã do circo me confesso. De qualquer circo. Do Coliseu no Natal com acrobatas toscos mas esforçados. Das tendas às riscas com tigres e elefantes que correm o país de lés a lés. Dos espectáculos do Oriente com artistas de palmo e meio e um talento desmesurado. Tudo o que não seja caezinhos amestrados e palhaços de humor estafado me encanta. Os números, as roupas, a música, o mestre de cerimónias, as demonstrações de equilíbrio, força, agilidade, perícia, risco...

Quando o cirque du soleil apareceu nos anos 80, oferecendo tudo isto e mais um pouco, aderi imediatamente. Agora era só uma questão de esperar que um dia os pudesse ver ao vivo, numa qualquer viagem deles ou minha.

Confesso que o preço dos bilhetes quase me demoveu. Mas agora visto o espectáculo, sei que vale até ao último cêntimo. Não me convenceu muito o "argumento", as cenas representadas entre cada número. Mas tudo o resto é sublime. Os números cómicos são de ir às lágrimas, todos os outros de suster a respiração. Parece quase impossível que o corpo humano se mexa desta forma, se contorça assim, que mantenha o ritmo e o equilíbrio perante tanto estímulo em simultâneo. Magia...

A afição pelos museus científicos



ainda não me passou. São de visitar o Centro Ciência viva de Estremoz e o Fluviário de Mora. Mas atenção às enchentes... ainda dizem que não há público para estas coisas...

Mais uns dias, menos a Sul







O trabalho que impede os dragões de escreverem posts também os impele a fugir de férias mais vezes, arranjando imagens bonitas para rechear o blog. E não há melhor altura para visitar o Alentejo: os campos multicolores, a passarada a cruzar o céu, o sol tão meigo e a brisa tão perfumada. Que delícia para os sentidos, que repouso para os urbanitas cansados.

segunda-feira, março 10, 2008

Eurolixo



Na minha longínqua adolescência, o festival da Eurovisão era um dos pontos altos do ano. Numa era só com dois canais, a gala portuguesa e a final europeia eram imperdíveis. Algumas canções vencedoras chegavam até aos tops, dos Abba ao Johny Logan, da Sandy Shaw à Sandra Kim. Com a idade o gosto refina-se e relega estas foleiradas para o armário do esquecimento. Mas de há uns anos para cá, o Eurofestival voltou a ser motivo de atenção. Primeiro porque descobri os comentário humorísticos da transmissão da BBC. Mais tarde o escândalo das votações geo-estratégicas (só os espanhóis é que ainda dão pontos às miseráveis prestações tugas), que já levou alguns países a desitirem de participar. Depois porque se tem dado uma pouca subtil mudança para a paródia mais descarada. A vitória dos monstros hard rock satânicos finlandeses foi só a ponta do iceberg. Este ano, a Irlanda é representada por um fantoche peru e a Espanha por um humorista da tv, com peruca rockabily e mini-guitarra de plástico. A gala espanhola intitulou-se "Salvemos a Eurovisão". Cá para mim, não tem salvação possível.

Se eu pudesse votar em Espanha


não tinha dúvidas em votar JL Zapatero. Em quatro anos no poder manteve a Espanha no rumo certo, para longe do atraso endémico do pequeno país vizinho. Sem prejudicar a economia, protegeu os direitos sociais. Criou legislação sobre a igualdade de género e de orientação sexual mais avançada que a nórdica. Investiu na ciência. Batalhou com os resquícios do franquismo, reabilitando a memória dos que se lhe opuseram. Começou a resolver o puzzle complicado das autonomias. Retirou da guerra injusta do Iraque mas não hesitou em enviar soldados para o Líbano, sob a égide das Nações Unidas. Lidou com a imigração com humanidade. Enfrentou o atavismo da Igreja Católica. Tentou resolver o problema insolúvel do terrorismo. E tudo isto sem demagogia barata, sem manobras de propaganda vazia, sem autoritarismo, sem agressividade, sem exposição da vida privada nos media del corazon. É o meu herói.

sexta-feira, março 07, 2008

O vício do bisturi

Acabámos de ver mais um fascinante documentário de L. Theroux, um jornalista britânico fascinado pelo lado bizarro da vida contemporânea. E a cirugia estética, apesar de crescentemente banalizada com anúncios na tv, pagamentos a prestações e o patrocínio de celebridades de vão de escada, tem muito de bizarro. O que leva as pessoas a correrem risco de vida para remover as gordurinhas? A suportarem dores para esticar a pele? A penarem com convalescenças demoradas para rechear o peito? As transformações do corpo fazem parte da vida. O envelhecimento é inexorável e natural, que sentido tem querer ter aos 50 anos a pele, a figura, o cabelo dos 20? Para além de que muitas vezes o resultado deixa muito a desejar. Mesmo quando as operações não têm sequelas inesperadas, alguns pacientes ficam com o ar artificial, plastificado, de bonecos de cera, perdem expressividade, ganham formas improváveis.
Não há dúvida que a cirugia plástica é meritória quando corrige acidentes da natureza ou da vida, quando devolve um rosto a queimados ou quando corrige um lápio leporino. Mas quando só serve para perpetuar o mito do corpo perfeito, é só triste e fútil.

segunda-feira, março 03, 2008

E desde quando multicultural é uma dirty word?

Na minha ingenuidade, eu sempre achei que "multicultural" era a) um conceito das ciências sociais, que descreve um estado de coisas nas sociedades actuais ou b) uma coisa boa, um valor a ser preservado, uma atitude de tolerância (no sentido de abertura, não de "tolerar" os diferentes), uma adesão à natureza cosmopolita da vida. My mistake. Afinal (pelo menos para alguns, como o presidente da França e o chefe dos católicos portugueses) é uma coisa tenebrosa, uma afronta à identidade nacional, um risco temível para os bons europeus/franceses/portugueses.
E pronto, acabe-se já com os restaurantes indianos em Paris. Expulse-se os fiéis brasileiros das igrejas espanholas. Deporte-se as comunidades portuguesas na Venezuela. Expurgue-se a língua inglesa de todas as palavras que resultaram da crioulização. Proiba-se as especiarias dos pratos alemães. Silencie-se o Manu Chao das rádios europeias, quem nem se sabe bem de onde é que ele vem. Interdite-se a exportação de fatos italianos para Singapura. Mande-se de volta as enfermeiras ganesas que trabalham no serviço nacional de saúde britânico. Bana-se as séries americanas dos canais de televisão suecos. Repatriem os não nacionais do campeonato italiano.
Era um mundo muito melhor, não era?

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Um pequeno grande filme


É pequeno porque conta uma história corriqueira, de gravidez na adolescência, com personagens vulgares, em pouco mais de uma hora de película. É grande porque é surprendente, credível, humorístico, habilmente filmado e magistralmente escrito. Gente comum, numa situação comum, mas com uma densidade incomum. Vale a pena.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Depois do Inverno vem a Primavera




Com quase um mês de antecipação, chegaram as andorinhas, a nossa figueira tem mais de uma dezena de folhas novas, verdes e tenras, o gato brinca e apanha sol. É a vida que continua.