sexta-feira, março 07, 2008

O vício do bisturi

Acabámos de ver mais um fascinante documentário de L. Theroux, um jornalista britânico fascinado pelo lado bizarro da vida contemporânea. E a cirugia estética, apesar de crescentemente banalizada com anúncios na tv, pagamentos a prestações e o patrocínio de celebridades de vão de escada, tem muito de bizarro. O que leva as pessoas a correrem risco de vida para remover as gordurinhas? A suportarem dores para esticar a pele? A penarem com convalescenças demoradas para rechear o peito? As transformações do corpo fazem parte da vida. O envelhecimento é inexorável e natural, que sentido tem querer ter aos 50 anos a pele, a figura, o cabelo dos 20? Para além de que muitas vezes o resultado deixa muito a desejar. Mesmo quando as operações não têm sequelas inesperadas, alguns pacientes ficam com o ar artificial, plastificado, de bonecos de cera, perdem expressividade, ganham formas improváveis.
Não há dúvida que a cirugia plástica é meritória quando corrige acidentes da natureza ou da vida, quando devolve um rosto a queimados ou quando corrige um lápio leporino. Mas quando só serve para perpetuar o mito do corpo perfeito, é só triste e fútil.

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