domingo, fevereiro 27, 2005

A peste


G3
Originally uploaded by Aloysius.
Percebe-se porque ninguém diz que os gatos são os melhores amigos do homem... Têm demasiados defeitos humanos.

sábado, fevereiro 26, 2005

Gosto deste livro



Confesso uma predilecção por livros multiplos: triologias, tetralogias, dodecaedrologias... Mais satisfatórios ainda que os livros longos, porque a divisão em obras autónomas torna possível fazer pausas, interrupções mais ou menos longas, retomar a história sem perder o rumo porque são geralmente feitas referências aos volumes precedentes...
E este é um dos meus favoritos. O exotismo dos sítios, das personagens, das situações, a atmosfera complexa do entre-guerras, a escrita poética e cuidada. Está muito bem conseguida a pluralidade de pontos de vista em que um mesmo acontecimento é descrito em diferentes momentos do livro. É tantalizador tentar perceber todos os fios da meada, que só se destrinçam na totalidade quando se chega ao fim do quarto volume. Como na vida, não há finais felizes e não há verdadeiramente um fim da história.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

A vida continua

The big wheel keeps on turning
On a simple line day by day
The earth spins on its axis
One man struggle while another relaxes

Massive Attack

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Isto ajuda-me a pensar


komboloi
Originally uploaded by Aloysius.
O som das contas que se entrechocam, o frio da resina ao tacto, a ginastica dos dedos a percorrer o fio, o brilho opaco de ébano fingido. O komboloi é uma boa companhia para os exercícios mentais mais intensos. Obrigada aos dragões brancos pela prenda, tem sido muito útil.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Declaração de voto

É sem convicção alguma que no dia 20 votarei no PS e em José Sócrates.
A mobilização é quase nula mas entendo que é necessário mudar. E com maioria absoluta.
É imprescindível que não restem desculpas para o imobilismo e para a sujeição da vontade aos lóbis e corporativismos que tolheram o (tímido) impulso de mudança dos últimos governos.
Estou também convencido que, mesmo que obtenha a maioria absoluta, o governo do PS não terá vida fácil. Seguindo-se ao inenarrável governo de Santana Lopes, este governo será, provavelmente, o mais escrutinado da ainda curta história democrática portuguesa. E é necessário que assim seja. Não para que cumpra o seu programa eleitoral, cujo destino pós-eleitoral será, certamente o lixo. Mas para alinhave e cumpra três ou quatro medidas fundamentais para o futuro do país. Controle das finanças públicas, qualificação das novas gerações e das menos novas até ao limite do democraticamente possível, reforma fiscal e reforma da justiça. Saúde e Segurança Social para quando possível.

Não será certamente a última oportunidade, mas não teremos muitas mais.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Dia de S. Valentim

Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett

sábado, fevereiro 12, 2005

Um dia tão bonito merece uma canção de Cole Porter

Heaven
I'm in Heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find the happiness I seek
When we're out together dancing cheek to cheek

Heaven
I'm in Heaven
And the cares that hang around me through the week
Seem to vanish like a gambler's lucky streak
When we're out together dancing cheek to cheek

Oh! I love to climb a mountain
And to reach the highest peak
But it doesn't thrill me half as much
As dancing cheek to cheek

Oh! I love to go out fishing
In a river or a creek
But I don't enjoy it half as much
As dancing cheek to cheek

Dance with me
I want my arm about you
The charm about you
Will carry me through to

Heaven
I'm in Heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find the happiness I seek
When we're out together dancing cheek to cheek

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Gosto deste filme



Deve ser a enésima adaptação do livro, mas é também uma das mais fiéis. Está lá o estilo ultra-romântico, a tragédia, o erotismo, a weltanschauung oitocentista do progresso, da doença, da nostalgia medieva. E estão as imagens oníricas, as cores fortes, as passagens de cena imaginativas de um grande realizador. Se os secundários são contestáveis (ainda está para aparecer um filme em que o Keanu Reeves seja mais expressivo que o pinóquio), os actores principais foram escolhidos a dedo. Eu tive dúvidas antes de ver o Gary Oldman, mas era mera ignorância. Sedutor e temível, o sotaque mitteleuropa fica na memória. I have crossed ocean of time to find you...

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Os homens da minha vida


fry1
Originally uploaded by Aloysius.
É um homem do Renascimento na acepção moderna. Começou no teatro e na comédia, ganhou renome na televisão (com o parceiro Hugh Laurie), foi actor em filmes (da pequena jóia Peter's friends à infame película das Spice Girls), passou a escrever romances (alguns dos quais brilhantes), estreou-se na realização, viajou até ao Perú em busca do urso Paddington (à laia de Michael Palin)... É um personagem curioso: filho de um cientista, semi-delinquente na adolescência, membro da Sociedade de Admiradores de Sherlock Holmes e do Mensa (a associação para gente com um QI anomalamente elevado), licenciado de Cambridge, homossexual não praticante durante vários anos, fã nº 1 de Oscar Wilde, P. G. Woodehouse e Evelyn Waugh, proprietário de uma mansão em Norfolk... The Liar e The Hippopotamus são dos romances mais divertidos e interessantes dos últimos tempos, A bit of Fry and Laurie e Jeeves and Wooster estão entre as melhores séries britânicas, já isso basta para o Stephen Fry ser um dos homens da minha vida.

domingo, fevereiro 06, 2005

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Ódios de estimação

Odeio arquitectos. Não as pessoas, não a disciplina em sim, mas a classe profissional responsável pelas monstruosidades que passam por grandes obras de arquitectura, inclusive as que ganham prémios de nomeada. Ninguém tem menos respeito pelos clientes/utentes/utilizadores. É dada tal primazia à forma, ao arrojo, à inovação, que as reais necessidades dos humanos que têm de habitar, trabalhar ou frequentar os edifícios são quase totalmente ignoradas. Para já as questões de acessibilidade: escadarias imensas, portas estreitas, corredores sinuosos são desafios muitas vezes intransponíveis para quem se desloca de cadeira de rodas, empurra um carrinho de bébé ou que tem simplesmente dificuldades de locomoção. Depois os problemas de ruído: grandes espaços abertos onde cada palavra ecoa, pavimentos onde os sapatos rangem, má insonorização das paredes são factores de poluição auditiva. Seguem-se as questões ambientais, das grandes superfícies de vidro num país ensolarado à infeliz escolha de materiais, tudo apela ao uso ao desbarato do ar condicionado. Há ainda a mencionar os puros e simples disparates: janelas demasiado pequenas ou demasiado grandes ou colocadas no sítio errado, rampas intermináveis, esquinas armadilhadas, becos sem saída, escadas perigosas, saídas de emergência escondidas... Já para não falar da atroz fealdade de alguns prédios, onde tudo - do uso das cores à volumetria, das decorações à altura desmedida - concorre para chocar as sensibilidades estéticas mais dormentes. Assim sendo, não é de estranhar este meu ódio de estimação...

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Hoje acordei com uma disposição patriótica

This royal throne of kings, this scepter’d isle,
This earth of majesty, this seat of Mars,
This other Eden, demi-paradise,
This fortress built by Nature for herself
Against infection and the hand of war,
This happy breed of men, this little world,
This precious stone set in the silver sea,
Which serves it in the office of a wall,
Or as a moat defensive to a house,
Against the envy of less happier lands,
This blessed plot, this earth, this realm, this England

William Shakespear, Richard II