segunda-feira, dezembro 10, 2007

É aproveitar enquanto há

Esta moça chama-se Amy Winehouse e é um génio. Uma mistura pós-moderna de som de diva jazz dos anos 40 com letras explícitas da primeira década do século 21. E cabelo colmeia dos anos 50 com maquilhagem da Antiguidade Egípcia. Infelizmente tem uma pulsão para a auto-destruição proporcional ao seu talento.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Os dragões dão as boas vindas

a um novo contribuidor para este humilde blogue. Finalmente mais um bocadinho de qualidade estética. E já não nos podem acusar de "sulistas", o Mahjong abriu uma filial a Norte (ainda que seja um mouro emigrado...)!

Finalmente


...Finalmente

Comemoramos hoje o "initiu" desta "primarceria" de base Alentejana e fundo Tripeiro com os melhores cumprimentos para os Dragons.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

E mais um bom filme


Para os admiradores puristas de Cronenberg este filme pode ser decepcionante porque tem pouco de bizarro. Mas para este dragão é uma pequena obra-prima. Escuro como os céus de Londres. Tenebroso como a máfia russa. Estranho como as comunidades de migrantes num país estrangeiro. Um filme de contrastes: a opulência do restaurante russo e a austeridade da casa da heroína, a lealdade familiar e a traição entre pares, a violência entre mafiosos e a ternura do recém-nascido. O filme enreda, prende a atenção, avança inexoravelmente, a passo compassado, para um final que pode ser trágico ou feliz. Ou nenhuma das coisas. Tem bastante sangue, algumas supresas e uma cena de luta incrivelmente bem filmada, hipnótica, horrífica. E umas interpretações memoráveis dos três personagens masculinos centrais. A ver, sem dúvida.

quinta-feira, novembro 29, 2007

De vez em quando vale a pena ir ao cinema



É um típico épico Ridley Scott, mas sem sandálias nem espadas. Recriação de época impecável, violência quanto baste, uma saga de ascenção-e-queda-de-um-império clássica, dois (anti-)heróis portentosos, uma mão cheia de vilões odiosos, umas mulheres decorativas pelo meio, uma fotografia assaz atraente. É uma forma perfeitamente satisfatória de passar umas horas numa sala escura.

terça-feira, novembro 20, 2007

Parabéns à sobrinha dos dragões!



Esperamos que tenhas um

óptimo aniversário!

Ennui


Pois, Paris. É sacrílego dizer isto, mas demos por nós a certa altura a desejar que estes quatro dias acabassem. Deve haver uma lei que diz que o factor "uau" diminui na razão inversa do número de visitas à cidade. E para ajudar havia greve de transportes, um frio de rachar e mais obrigações de trabalho do que de costume. Ficámos praticamente presos no bairro do hotel e há um número limite de vezes para se subir e descer o Bld Saint-Germain sem perder a graça toda. Sim, os monumentos são de cortar a respiração. Sim, a harmonia das ruas é perfeita. Sim, os museus são extraordinários (mas desta vez não visitámos nenhum). Sim, as pequenas lojas hiper-especializadas são delirantes. Sim, a vida da cidade é apaixonante. Sim, pode-se encontrar restaurantes de todo o mundo. Sim, Paris é a mais bela cidade do universo. Mas também há coisas que irritam: o trânsito infernal, os restaurantes atrape-touriste com comida inferior, os empregados antipáticos, os quartos de hotel do tamanho de roupeiros, a voz nasalada dos turistas americanos, os jovens existencialistas despenteados a exibir os livros amarelados de alfarrabista, os automobilistas que ignoram as passadeiras, os patins, trotinetas e bicicletas a ameaçar os transeuntes nos passeios, os preços exorbitantes nos cafés e nas bilheteiras das exposições, a genérica arrogância e má criação dos nativos, os pedintes enregelados nas ruas (o que me irrita mesmo é o sistema que permite que as pessoas tenham de viver assim), a mania das abreviaturas que torna indecifrável os anúncios e até os artigos de jornal, as manadas de turistas a entupir os passeios, os lugares nos restaurantes tão apertados, para caber sempre mais um cliente, que parecem pensados para hobbits. Enfim, como todas as histórias de amor, a nossa com Paris tem os seus altos e baixos...

quarta-feira, novembro 14, 2007

Contos da modernidade avançada

Era uma vez um rapaz holandês que frequentava um mundo virtual online chamado Habbo Hotel. Ou se calhar era uma vez um avatar de um rapaz holandês que vivia no Habbo Hotel. O rapaz interferiu nos códigos binários do site, entrando com um nome/password que não eram os dele. Ou, se preferirem, o avatar entrou no quarto de outro residente e roubou umas peças de mobília. Só que esses códigos binários (ou peças de mobília) custaram dinheiro real ao outro internauta. Uns quantos milhares de euros (deve ser mobília Philip Stark...). Agora o rapaz holandês foi caçado pela polícia real e posto numa prisão real, com barras reais nas janelas. A notícia da BBC não explica é se o avatar foi caçado pela polícia virtual e posto numa prisão virtual com barras virtuais nas janelas virtuais. Nem se o dono da mobília roubada está a ser devidamente acompanhado por um psiquiatra (real) por ter gasto em bytes o custo equivalente a vacinar 800 crianças africanas contra as 6 principais doenças infantis. Confuso, não é? É assim a modernidade avançada.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Ditos da mãe do Dragão Verde

Não lhe cabe um chícharo - Cheio de presunção
Jingarelho - Aparelho de funcionamento de difícil compreensão
Encanar a perna à rã - Procrastinar, evitar uma tarefa, perder tempo
Galinha gorda a maltês - desperdiçar com quem não merece
Canhenho - Caderno
Comida de putas - refeição de confecção rápida, tipo ovos mexidos com salsicha
Malta de ferrobico - gente de má índole
Bater punhetas a grilos - o mesmo que encanar a perna à rã

Mais um Banksy


Sou fã e além disso há dias comemorou-se um aniversário da Revolução Bolchevique...

Contos da modernidade avançada

Era uma vez uma mulher cuja cupidez desmesurada só era igualada por uma estupidez a toda a prova. Uma das edições do Público desta semana trazia a história completa, que dava um bom argumento de filme/telenovela. A figura em causa, desprovida de quaisquer capitais à partida (nem dinheiro, nem inteligência, nem educação, nem família bem nascida, nem algum talento), à excepção de sex-appeal e uma total ausência de escrúpulos, fez de tudo para subir na escala social, arrastando com ela o filho. A ostentação de "sinais exteriores de riqueza" serviu de móbil para destruir casamentos, carreiras, relações e no final até uma vida humana. Para parecer rica (mais do que o ser) e aparecer nas revistas do piolhoso jet set português cilindrou tudo com que se cruzou na vida. Mas como é típico dos incrivelmente estúpidos, acabou por se destruir a si própria. Por encomendar a morte do marido, com requintes de maldavez, a um empregado, foi malhar com os ossos na cadeia, de onde não sairá tão cedo. É assim a modernidade avançada.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Publicidade vexatória

Noutro país qualquer isto motivaria dezenas de queixas às autoridades reguladoras do sector. Em Portugal, estes anúncios passam impunemente e nem na tão democrática blogosfera merecem o menor reparo. Uma companhia seguradora e a respectiva agência publicitária acharam por bem conceber uma série de anúncios televisivos onde várias mulheres (sim, exclusivamente mulheres) são responsáveis por acidentes em variados contextos: num escritório, numa loja, num hospital, no trânsito, em casa. Nem vale a pena referir que esta "feminização do risco" vai contra todos os dados estatísticos existentes... O que vale a pena perguntar é como se tolera esta representação troglodita, preconceituosa, discriminatória das mulheres na publicidade. Falta de sentido de humor, responderiam os criativos. E se fossem só negros? E se fossem só portadores de trissomia 21? E se fossem só homossexuais? Teria graça?
A imagem da mulher na publicidade não é uma questão irrelevante. Perpetua estereotipos. Reforça as percepções erróneas que as pessoas têm das diferenças de género. E consequentemente reproduz as discriminações a sério, no local de trabalho, na família, nas organizações. Por alguma razão o grupo financeiro que detém esta seguradora não tem uma única mulher nos orgãos dirigentes. Se calhar a agência publicitária também não.
Isto para mim é intolerável. Eu não tenho seguros nesta empresa. Mas se tivesse depressa deixaria de ter. É a única resposta possível dos consumidores face a esta falta de senso.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Wonderfalls


As séries de ficção são uma exportação americana a que é difícil resistir. Esta não parece ter passado da primeira season (o que até pode ser uma vantagem) e com alguns anos de atraso é transmitida agora na Sic Radical. As personagens são desconcertantes, a premissa central (estatuetas de animais falam com a heroína e impelem-na a realizar boas acções a despeito da sua inércia e amoralidade natural) fantasiosa e as histórias frequentemente descambam para o nonsense. What's not to like?

terça-feira, setembro 25, 2007

Brighton






Desta vez o turismo científico (i.e. congresso) levou-nos não a Londres (que funcionou como base) mas sim um pouco mais abaixo, à estância balnear de Brighton. Não posso deixar de admitir alguma desilusão. Talvez seja em parte um efeito das condições meteorológicas, mas a pequena cidade à beira mar plantada pareceu triste, abandonada, decadente, com os hotéis do passeio marítimo emparedados, um dos piers calcinado, um exemplar do mais horrível brutalismo dos anos 70 a desfear o último Grand Hotel, ruas sujas, habitantes andrajosos... Até o delirante Royal Pavillion tem um exterior pavoroso, cor de lama. A refeição no Palm Court do Brighton Pier, que prometia "posh nosh" do melhor, não podia ter sido mais asquerosa, frita em óleo do século passado. Mas enfim, foi uma experiência...

segunda-feira, setembro 24, 2007

Capital do mundo












É enorme, é confusa, é populosa, é ruidosa, é turbulenta, é heterogénea. Mas também tem parques extensos e tranquilos, ruas calmas de edifícios parados no tempo, mercados onde se canta ópera, livrarias infindáveis, museus maravilhosos, praças buliçosas, recantos medievais, torres de aço e vidro, fabulosas paisagens industriais, verdadeiras aldeias de casinhas idênticas, monumentos emblemáticos, reconhecidos pelos indígenas da Gronelândia à Samoa. É bela e

horrível ao mesmo tempo, mas nunca aborrecida.

sábado, setembro 22, 2007

Fim do Verão

Após muitos protestos a propósito do desleixo a que este blog tem sido votado nos últimos tempos, somos forçados a dar-lhe um ar do tempo e celebrar (ou perorar, consoante a disposição) o fim do Verão.
Este ano a constatação de tal acontecimento foi antecipado pela partida de uma família de andorinhas que durante alguns meses nos fez intensa companhia nas longas tardes de trabalho estival. O casal de progenitores era acompanhado por três ruidosos filhotes que durante horas a fio traçavam velozes círculos tangentes às nossas janelas, para grande assombro do nosso gato que acompanhava as suas aladas deambulações com um dificilmente discernível misto de sensações entre a gula e o assombro.
A intensidade e alegria dos seus vôos era tal que, por vezes, receámos que uma delas nos entrasse pela casa dentro, com as inevitáveis consequências que tal ocasionaria no comportamento do elemento felino desta casa.
Resta-nos desejar-lhes uma óptima viagem e que o seu regresso no próximo Verão nos transmita a mesma alegria que nos proporcionaram este ano.
Os créditos do vídeo devem-se à natureza experimental desta montagem. Pedimos também desculpa ao Dorantes o roubo de um pequeno trecho da sua excepcional criação "Semblanzas de un Rio" do álbum Orobroy.

sexta-feira, agosto 31, 2007

Reportagem video 2

Reportagem video 1

Festas de Paço de Arcos



E cá estão elas mais uma vez, a marcar o fim do verão, as Festas do Senhor dos Navegantes em Paço de Arcos. Uma vez por ano o subúrbio tranquilo transfigura-se para a buliçosa feira, com os carroseis para as crianças, o restaurante dos bombeiros, os espectáculos nocturnos, as barracas de trapos e quinquilharia, as rulotes de farturas, o quiosque dos gelados Wong. Há regatas, romagens à estátua do herói local, peddy-paper e claro, a peça central, as procissões que levam o cristo da capela para a igreja, da igreja para a beira-mar e de volta à capela, em dias consecutivos. Uma vez por ano o tranquilo povo de Paço de Arcos sai à rua em massa, enche as alamedas da feira, dá corpo à procissão, anda por aí à aproveitar as cálidas noites de Verão.
Mas este ano há algo de diferente. Para já, não houve foguetes a marcar o início da festa, nem as regatas, nem como era costume todos os dias às 9 da noite. Depois a fanfarra dos bombeiros não inaugurou a feira. Cortaram o pio à mulher dos cobertores: pode vender mas não usar a "gaita" para anunciar os produtos (e lá se foi um dos melhores espectáculos da feira). A procissão foi das menos concorridas, para o que um padre velho como Matusalem e ao que parece senil, muito deve ter contribuído. Agora já só falta o espectáculo piro-musical ser uma decepção.
Já não se fazem Festas como antigamente...