domingo, julho 31, 2005

Uma boa surpresa


Ontem fomos a mais um concerto da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras.

No programa um favorito de todos: as quatro estações de Vivaldi. Como brinde uma peça desconhecida: as variações que o Astor Piazzollla fez do clássico.

Se o Vivaldi não desaponta ninguém, o Piazzolla foi uma sublime surpresa. Muito século XX, muito tango, muita paixão tangida nas cordas (um dos violinistas inclusivamente rebentou uma das cordas do arco...). É mesmo verdade que com a idade uma pessoa refina os gostos e suponho que seja isso que me está a acontecer com a música mais recente. Mas não creio que haja esperança para o Stockhausen.

sábado, julho 23, 2005

O que nos fica das férias

Provavelmente muito gente dirá o mesmo, mas as férias são para mim os melhores dias do ano. Como dragões urbanos que somos, as férias são sempre numa cidade, de preferência noutro país. Percorrer as ruas, visitar museus e monumentos, experimentar gastronomias, disfrutar dos cafés, das esplanadas, dos parques e jardins, os dias correm céleres, numa ânsia de tudo ver e tudo guardar na memória. Não raramente, chego ao fim das férias com pouca vontade de regressar à base, com sonhos de emigrar e me estabelecer num país mais limpo, mais organizado, mais eficiente, mais honesto.
Na impossibilidade de concretizar estes projectos, só nos resta prolongar simbolicamente as férias, fingir que ainda lá estamos. Horas passadas a rever as centenas de fotografias tiradas, a ler os catálogos dos museus, a folhear os mementos que eu insisto em trazer, dos bilhetes de transportes às facturas dos cafés. Durante umas semanas ainda compramos os jornais importados, seguimos as notícias da terra visitada com atenção, desfilamos as recordações de férias com os amigos.
E há a comida. Talvez a maneira mais duradoura e sensorial de evocar aqueles poucos dias em que fomos tão felizes. O dragão verde encarrega-se de encontrar e reproduzir as receitas que nos deixam na boca o sabor de uma cidade amada. Há o Long Island Ice Tea de Manchester. As salsichas de Viena. A Mushroom and Stilton Soup de Edinburgo. O Vin Chaud de Paris. A Beef and Ale Pie de Londres. O salmão marinado com salada de batata de Estocolmo. As tapas de Barcelona. As francesinhas do Porto. As costoletinhas com arroz de feijão de Coimbra.
A colher de pau é uma máquina do tempo...

quarta-feira, julho 20, 2005

Autarquias

Por causa do meu excesso de voluntarismo, a minha caixa de correio nunca está vazia. Uma participação mal sucedida num concurso de ideias e o preenchimento de uma ficha para receber os periódicos municipais resultaram numa substancial fonte de receitas para os CTT. Os periódicos chegam sempre em duplicado, porque a amável autarquia disso se encarrega, com uma distribuição porta a porta e uma via empresa postal. Através da minha malfadada inclusão na lista de correspondência, não há dia que não tenha um ou vários envelopes com o brasão municipal, frequentemente com o autocolante do correio azul. Lá os convites para as actuações da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras ainda merecem uma leitura atenta e muitas vezes uma resposta positiva. Um debate na biblioteca municipal ou uma exposição de artes plásticas, uma vez por outra lá vou. Agora as milhentas solicitações para a minha presença na inauguração de rotundas, pracetas, placas toponímicas, obras de arranjo de canteiros e parques infantis, centros paroquiais, arruamentos, e todas as minudências que não são mais do que a obrigação do poder local... Directamente para a reciclagem, com uns palavrões pelo meio em protesto pelo uso que é feito dos dinheiros públicos. Quero emigrar!

sábado, julho 16, 2005

Cidade azul e verde


Um terço água, um terço floresta, um terço construção. Estocolmo é a mais perfeita cidade que conheço.

No Verão é de uma beleza radiosa. O sol quase permanente invade as ruas, reflecte-se nas águas, salienta a incrível beleza e luminosidade de muitos dos edifícios.

Os autócnes invadem os parques, misturam-se com os patos, as gaivotas e as gralhas, deitam-se na relva ao sol, dão migalhas à bicharada, deixam os filhos correr à solta. Os muitos que têm barco disfrutam das águas cálidas, cruzam-se com os paquetes e os ferry que atravessam o Báltico.

As ruas são planas, amplas e arborizadas, perfeitas para caminhar. Os transportes são regulares e bem organizados. Para todas as bolsas, não faltam cafés, restaurantes, esplanadas, lojas de conveniência com comida para um piquenique. Os museus são interessantes, os palácios opulentos. Há muito para ver, para fazer e para disfrutar.

Uma cidade boa para visitar. Boa para viver?

terça-feira, julho 12, 2005

O céu na terra

The Divine Comedy - Sweden

I would like to live in Sweden
When my work is done
Where the snow lies crisp and even'
Neath the midnight sun
Safe and clean and green and modern
Bright and breezy?free and easy
Sweden?Sweden?Sweden?
In Sweden
I am gonna live in Sweden
Please don't ask me why
For if I were to give a reason
It would be a lie
Tall and strong and blonde and blue-eyed
Pure and healthy, very wealthy
I'll grow wings and fly to Sweden
When my time is come
Then at last my eyes shall see them
Heroes every one
Ingmar Bergman
Henrik Ibsen
Karin Larrson
Nina Persson