Provavelmente muito gente dirá o mesmo, mas as férias são para mim os melhores dias do ano. Como dragões urbanos que somos, as férias são sempre numa cidade, de preferência noutro país. Percorrer as ruas, visitar museus e monumentos, experimentar gastronomias, disfrutar dos cafés, das esplanadas, dos parques e jardins, os dias correm céleres, numa ânsia de tudo ver e tudo guardar na memória. Não raramente, chego ao fim das férias com pouca vontade de regressar à base, com sonhos de emigrar e me estabelecer num país mais limpo, mais organizado, mais eficiente, mais honesto.
Na impossibilidade de concretizar estes projectos, só nos resta prolongar simbolicamente as férias, fingir que ainda lá estamos. Horas passadas a rever as centenas de fotografias tiradas, a ler os catálogos dos museus, a folhear os mementos que eu insisto em trazer, dos bilhetes de transportes às facturas dos cafés. Durante umas semanas ainda compramos os jornais importados, seguimos as notícias da terra visitada com atenção, desfilamos as recordações de férias com os amigos.
E há a comida. Talvez a maneira mais duradoura e sensorial de evocar aqueles poucos dias em que fomos tão felizes. O dragão verde encarrega-se de encontrar e reproduzir as receitas que nos deixam na boca o sabor de uma cidade amada. Há o Long Island Ice Tea de Manchester. As salsichas de Viena. A Mushroom and Stilton Soup de Edinburgo. O Vin Chaud de Paris. A Beef and Ale Pie de Londres. O salmão marinado com salada de batata de Estocolmo. As tapas de Barcelona. As francesinhas do Porto. As costoletinhas com arroz de feijão de Coimbra.
A colher de pau é uma máquina do tempo...
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