sexta-feira, janeiro 21, 2005

Um país de analfabetos e de doutores

Este país não vai longe. E o maior problema é de longe o da educação. Por um lado há uma massa apreciável de semi-analfabetos, que nem a escolaridade obrigatória completa, habilitada apenas para os trabalhos mais meniais, menos especializados, mais mal pagos, mais sujeitos ao desaparecimento mal a fabriqueta da terra fecha. E não são só as gerações mais perto da reforma, são adultos e mesmo jovens, condenados a uma existência precária e no tal limiar da pobreza.
Depois há os outros, a também considerável mole de licenciados inempregáveis, com cursos exdrúxulos, obtidos em universidades de duvidosa qualidade, com notas baixíssimas. Com parcos conhecimentos e limitadas capacidades, o mercado de trabalho só encontra lugar para eles em posições não qualificadas ou nas empresas dos pais ou amigos dos pais.
É estranhíssima a antipatia social gerada pelos cursos técnicos. Teremos todos de ser doutores? Porque é que se oferecem licenciaturas em áreas tão notoriamente profissionalizantes e/ou técnicas como secretariado, conservação e restauro, radiologia? Porque é que os politécnicos insistem em assemelhar-se a universidades, a criar mestrados e doutoramentos? Porque é que o ensino secundário é tão parco em cursos técnicos? Porque é que a educação universitária parece ser tão inevitável, mesmo para quem concluiu com muito pouco sucesso os graus anteriores?

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