terça-feira, julho 03, 2007

Mistério















Não sei ao certo porquê, mas este dragão é viciado na série/documentário Miami Ink. Talvez esteja na natureza da reality tv o seu consumo se tornar aditivo. Mas à partida episódios de 40 minutos sobre a vida quotidiana numa loja de tatuagens não é suposto despertarem tanto interesse. Mas o certo é que o fazem. Talvez seja a minha tendência voyeuristica, talvez seja defeito profissional, talvez seja por haver poucas alternativas na programação habitual. Fascinam-me as tatuagens, as justificações que as pessoas mobilizam para se tatuar, as bizarras escolhas das imagens com que vão viver (talvez) até ao fim dos seus dias. É uma estranhamente bela forma de arte. E vê-se de tudo: dragões alados, carpas koi, caveiras flamejantes, retratos de entes queridos, animais de estimação, letras de alfabetos arcaicos, bichos exóticos, figuras religiosas, paisagens, objectos do dia a dia, declarações de amor eterno, motos de vida... E desengane-se quem pensa que os clientes são só motoqueiros barbudos. Aparecem raparigas bonitas, mãe de família, adolescentes atinados, pais extremosos, avozinhas... E muito mais que símbolos de identidade grupal, as tatuagens parecem ser mais um sintoma da obessão americana com a psicologização do eu: são feitas essencialmente para marcar ritos de passagem, perpetuar uma fase da vida, celebrar sucessos, fazer o luto por alguém, recompensar o sofrimento ou o esforço, reforçar laços afectivos... Um objecto de estudo fascinante.

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