quinta-feira, novembro 29, 2007

De vez em quando vale a pena ir ao cinema



É um típico épico Ridley Scott, mas sem sandálias nem espadas. Recriação de época impecável, violência quanto baste, uma saga de ascenção-e-queda-de-um-império clássica, dois (anti-)heróis portentosos, uma mão cheia de vilões odiosos, umas mulheres decorativas pelo meio, uma fotografia assaz atraente. É uma forma perfeitamente satisfatória de passar umas horas numa sala escura.

terça-feira, novembro 20, 2007

Parabéns à sobrinha dos dragões!



Esperamos que tenhas um

óptimo aniversário!

Ennui


Pois, Paris. É sacrílego dizer isto, mas demos por nós a certa altura a desejar que estes quatro dias acabassem. Deve haver uma lei que diz que o factor "uau" diminui na razão inversa do número de visitas à cidade. E para ajudar havia greve de transportes, um frio de rachar e mais obrigações de trabalho do que de costume. Ficámos praticamente presos no bairro do hotel e há um número limite de vezes para se subir e descer o Bld Saint-Germain sem perder a graça toda. Sim, os monumentos são de cortar a respiração. Sim, a harmonia das ruas é perfeita. Sim, os museus são extraordinários (mas desta vez não visitámos nenhum). Sim, as pequenas lojas hiper-especializadas são delirantes. Sim, a vida da cidade é apaixonante. Sim, pode-se encontrar restaurantes de todo o mundo. Sim, Paris é a mais bela cidade do universo. Mas também há coisas que irritam: o trânsito infernal, os restaurantes atrape-touriste com comida inferior, os empregados antipáticos, os quartos de hotel do tamanho de roupeiros, a voz nasalada dos turistas americanos, os jovens existencialistas despenteados a exibir os livros amarelados de alfarrabista, os automobilistas que ignoram as passadeiras, os patins, trotinetas e bicicletas a ameaçar os transeuntes nos passeios, os preços exorbitantes nos cafés e nas bilheteiras das exposições, a genérica arrogância e má criação dos nativos, os pedintes enregelados nas ruas (o que me irrita mesmo é o sistema que permite que as pessoas tenham de viver assim), a mania das abreviaturas que torna indecifrável os anúncios e até os artigos de jornal, as manadas de turistas a entupir os passeios, os lugares nos restaurantes tão apertados, para caber sempre mais um cliente, que parecem pensados para hobbits. Enfim, como todas as histórias de amor, a nossa com Paris tem os seus altos e baixos...

quarta-feira, novembro 14, 2007

Contos da modernidade avançada

Era uma vez um rapaz holandês que frequentava um mundo virtual online chamado Habbo Hotel. Ou se calhar era uma vez um avatar de um rapaz holandês que vivia no Habbo Hotel. O rapaz interferiu nos códigos binários do site, entrando com um nome/password que não eram os dele. Ou, se preferirem, o avatar entrou no quarto de outro residente e roubou umas peças de mobília. Só que esses códigos binários (ou peças de mobília) custaram dinheiro real ao outro internauta. Uns quantos milhares de euros (deve ser mobília Philip Stark...). Agora o rapaz holandês foi caçado pela polícia real e posto numa prisão real, com barras reais nas janelas. A notícia da BBC não explica é se o avatar foi caçado pela polícia virtual e posto numa prisão virtual com barras virtuais nas janelas virtuais. Nem se o dono da mobília roubada está a ser devidamente acompanhado por um psiquiatra (real) por ter gasto em bytes o custo equivalente a vacinar 800 crianças africanas contra as 6 principais doenças infantis. Confuso, não é? É assim a modernidade avançada.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Ditos da mãe do Dragão Verde

Não lhe cabe um chícharo - Cheio de presunção
Jingarelho - Aparelho de funcionamento de difícil compreensão
Encanar a perna à rã - Procrastinar, evitar uma tarefa, perder tempo
Galinha gorda a maltês - desperdiçar com quem não merece
Canhenho - Caderno
Comida de putas - refeição de confecção rápida, tipo ovos mexidos com salsicha
Malta de ferrobico - gente de má índole
Bater punhetas a grilos - o mesmo que encanar a perna à rã

Mais um Banksy


Sou fã e além disso há dias comemorou-se um aniversário da Revolução Bolchevique...

Contos da modernidade avançada

Era uma vez uma mulher cuja cupidez desmesurada só era igualada por uma estupidez a toda a prova. Uma das edições do Público desta semana trazia a história completa, que dava um bom argumento de filme/telenovela. A figura em causa, desprovida de quaisquer capitais à partida (nem dinheiro, nem inteligência, nem educação, nem família bem nascida, nem algum talento), à excepção de sex-appeal e uma total ausência de escrúpulos, fez de tudo para subir na escala social, arrastando com ela o filho. A ostentação de "sinais exteriores de riqueza" serviu de móbil para destruir casamentos, carreiras, relações e no final até uma vida humana. Para parecer rica (mais do que o ser) e aparecer nas revistas do piolhoso jet set português cilindrou tudo com que se cruzou na vida. Mas como é típico dos incrivelmente estúpidos, acabou por se destruir a si própria. Por encomendar a morte do marido, com requintes de maldavez, a um empregado, foi malhar com os ossos na cadeia, de onde não sairá tão cedo. É assim a modernidade avançada.