domingo, fevereiro 25, 2007

Os meus óscares

Independentemente dos prémios atribuídos logo à noite, tenho para mim que o melhor filme americano de 2006 foi o Little Miss Sunshine. Numa casca de noz, representa a essência da américa contemporânea: a família de pequena classe média que luta para se manter à tona, as instituições clássicas das viagens interestaduais por estrada (os moteis, as estações de serviço), os perversos concursos de beleza infantis sintomáticos da busca desperada da fama. Um conjunto de personagens magníficas, brilhantemente disfuncionais entre si e com o mundo: o avô hedonista, o filho existencialista, o tio intelectual, a mãe trabalhadora, o pai vendedor de banha da cobra falhado, a filha patinho feio. É uma comédia indie, irreverente, que faz concessões ao obrigatório final feliz da forma mais hilariante possível.

















Mas não é o melhor filme do ano. Na minha imodesta opinião, a glória vai todinha, idiscutívelmente, para o Labirinto do Fauno. Uma mistura genial de conto de fadas gótico com drama político situado no mais triste episódio da história de Espanha. O argumento tem o encademento perfeito de um relógio, a fotografia é de uma beleza sublime, as personagens despertam-nos fortes emoções: ódio e fascínio pelo malvado capitão, admiração pela corajosa resistente, empatia com a frágil orfã que tem nas mãos a díficil tarefa de salvar um mundo perdido, salvar o irmão, salvar-se a si mesma. O que mais se pode querer de um filme?




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