sexta-feira, agosto 24, 2007

De comer e chorar por mais


É muito provavelmente o melhor filme de animação que já vi. A qualidade dos desenhos é soberba. Todos os detalhes estão cuidados ao mais ínfimo pormenor, do pêlo dos ratos à textura da comida, das ruas de Paris aos interiores dos restaurantes. As cores e a iluminação são assombrosas e até os humanos parecem gente a sério, a que as feições exageradas só emprestam realismo. As cenas de grande movimento são de cortar a respiração mas a magia também está nos pequenos gestos, como o do mordaz crítico gastronómico a fazer girar um copo de cristal entre os dedos excessivamente longos. A história repesca elementos que já se viu um milhão de vezes, mas com humor, com ritmo, com um fio condutor que é moral sem ser moralista. Transcender limites, quebrar barreiras, fazer o que ninguém fez antes é a história do engenho humano. “We are all in the gutter, but some of us are looking at the stars” (O. Wilde) podia ser o moto do filme.

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