como nunca o viu é o título de uma exposição que pode ser vista na porta ao lado dos Museus da Politécnica. Mas não confundir com a política de exposições destes museus, isto é uma iniciativa privada e sem sombra de dúvida com fins lucrativos. Não é que não tenha conteúdos científicos nem interesse didáctico. Mas há que admiti-lo: não é por isso que as pessoas a vão ver nem é por isso que esta exposição foi feita. São os cadáveres: é a atracção mórbida pelo que já esteve vivo, por aquilo que somos debaixo da pele, pelo que nos espera do outro lado da tumba. Há actualmente meios muito mais eficazes de mostrar a estrutura dos ossos, a circulação sanguínea, o efeito das doenças nos órgãos. Pode no entanto argumentar-se que nada supera o valor do original, do autêntico numa exposição. Sim, mas quando se prescinde de todos os outros formatos, é porque o que interessa mesmo é o meio, e não a mensagem.
É verdade que há peças que têm um inusitado valor estético: as artérias coloridas do torax suspensas numa solução líquida parecem coral, os pequenos fetos diáfanos em cilindros de vidro assemelham-se a seres de outro planeta. Mas não me parece que seja isso que leva milhares de pessoas a voluntariarem os seus corpos para serem plastinados e exibidos pelo mundo fora. Quem não se quer libertar da temível lei da morte, seja de que forma for?
Sem comentários:
Enviar um comentário