sábado, dezembro 31, 2005

Votos de Ano Novo

Que 2006 traga trabalho, dinheiro, viagens, saúde, comida, bons livros, bons filmes, amigos, bom humor, a anexão pela Espanha, a extinção da espécie humana. Por nenhuma ordem em especial.

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Gosto deste bicho



É exótico, é feroz, é carnívoro, é marsupial, é australiano. Chama-se diabo da Tasmânia e inspirou um personagem de desenhos animados muito divertido.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Contos da modernidade avançada


Era uma vez uma vetusta instituição museal, velha de um quarto de milénio, rica como Cressos, epítome do saber curatorial, pejada de curadores de currículos longuíssimos, recheada de tesouros inigualáveis, sediada na capital do mundo civilizado. E era uma vez um artista de graffitti irreverente, que enche as ruas desta capital de desenhos sarcásticos (ver aqui). Durante um par de dias este curioso exemplar de arte rupestre esteve pendurado nas paredes da vestusta instituição, acompanhado de uma esclarecedora legenda: "homem primitivo aventura-se em terrenos de caça fora da cidade. Este exemplo de arte primitiva em óptimo estado de conservação data do período Pós-Catatónico." E mais umas quantas irónicas referências que ao que parece passaram por sérias reflexões académicas... Pois, ao que parece a arte trocou as voltas aos sistemas periciais... Depois a "obra de arte" foi retirada de exposição e tudo voltou à normalidade. É assim a modernidade avançada.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Gosto deste livro



Talvez seja mais exacto dizer que gosto deste autor. Não é alta literatura, não é Proust, não é sequer do melhor que a ficção britânica contemporânea oferece, mas certamente proporciona horas de boa leitura, de diversão, de entretenimento inteligente. Quer as aventuras africanas da primeira mulher detective do Botswana, quer as atribulações do professor alemão de filologia românica especializado em verbos irregulares portugueses, quer agora as várias séries que têm Edimburgo como pano de fundo são imperdiveis. Histórias simples, personagens memoráveis, humor inesperado e um sentido moral pervasivo fazem destes livros uma boa companhia em tardes de sol, noites de chuva e manhãs nubladas.

O exemplar em questão é de facto a versão em livro de um folhetim diário publicado num jornal escocês, inspirado nas crónicas de São Francisco de A. Maupin. Na minha modesta opinião o émulo supera o original, mas isto dever-se-á sobretudo à minha europofilia (e sobretudo anglofilia)impenitente. As histórias cruzadas dos habitantes de um prédio da New Town de Edimburgo devolvem-me ao que é uma das cidades da minha vida. Há uma antropóloga sábia, uma rapariga que não sabe o que quer da vida, uma mãe obsessiva com o sucesso do filho em idade pré-escolar, um rapaz mau carácter, um pintor com um cão alcoólico, uma proprietária de café literata, um dono de galeria ignorante em pintura e em tudo o resto mas de bom fundo... E há sobretudo a cidade, com os cafés, as lojas, as ruas, os museus, os túneis secretos, as estações de comboio, os parques e jardins, os hotéis... Por tudo isso, gosto deste livro.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

O dragão fatalista

O destino marca a hora
Pela vida fora
Que havemos de fazer
O que rege a sorte agora
Foi escrito outrora
Logo ao nascer

O relógio marca o tempo de viver
Todos nós somos iguais
Se o destino nos condena
Não vale a pena lutarmos mais

O passado nunca volta, podes crer
O futuro não tem dono
Toda a flor por mais bonita há de morrer
Quando chega o seu Outono

Temos hoje para viver toda uma vida
Amanhã que longe vem
A saudade está escondida
Num destino por medida
Para nós dois e mais ninguém

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Nostalgia


É de certeza uma marca da minha idade avançada o facto não só de considerar que na minha infância as séries de televisão eram melhores mas também de o estar constantemente a repetir.
E esta é certamente uma das minhas favoritas. Francesa, é um sequela de uma série sobre a história, "Era uma vez o Homem", e antecede outra com os mesmos bonecos, de cariz ainda mais didáctico, "Era uma vez o corpo humano". Politicamente correcta, há novos e velhos, homens e mulheres, de cores variadas. Os maus eram facilmente identificáveis pelo grande nariz vermelho, provinham de Cassiopeia e o seu símbolo era formado pelo W da constelação.
Confesso que não me recordo bem das histórias. Mas passava-se no espaço, tinha naves, lutas, planetas, a eterna luta do bem contra o mal. E eu nesta altura queria tanto ser astronauta...
E a música, pelo menos a versão portuguesa, era brilhante... Quem me dera saber por ficheiros audio no blogue...

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Contos da modernidade avançada

Era uma vez uma viúva de um alto dignatário ou um funcionário de um banco/hospital/empresa algures em África, que tem conhecimento de uma avultada soma escondida pelo marido / perdida numa conta / que sobrou de um contrato. Pessoa inquestionavelmente honesta, com uma extensa família para alimentar, apenas procura reparar uma injustiça que lhe foi feita ou aproveitar um vazio legal quanto ao destino a dar ao dinheiro. Escreve uma carta electrónica, endereçada a alguém, algures, confiante na probidade do destinatário, prometendo uma percentagem do bolo, em troca da utilização da conta bancária para uma transferência. Fornece pequenos detalhes, como nomes de empresas, de localidades, links para sites de órgãos de informação que corroboram a história. O que esta carta electrónica não diz é que o destinatário terá de pagar uma pequena soma, irrisória face à fortuna que receberá, para a tramitação burocrática do processo. Também não diz que o destinatário cúpido e ingénuo nunca mais verá essa pequena soma. Chamam-lhes cartas da Nigéria, mas provêm de várias partes do mundo e chegam-me às dezenas por semana. Ando a coleccioná-las, para um dia escrever um romance sobre as desgraças do mundo. É assim a modernidade avançada.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Os homens da minha vida


O Bond definitivo. Uma voz hipnótica, um áspero sotaque escocês, charme da cabeça aos pés, um andar felino, a epítome da elegância dentro de um smoking nas cenas de casino, letal com a Wahlter PPK, imbatível com os punhos, irresistível para a míriade de bond girls. As histórias podem ser previsíveis, as aventuras amorosas um bocado foleiras, os vilões incredíveis, mas são os cenários exóticos, a paixão pela tecnologia e a infabilidade do herói que tornam estes filmes míticos.
Depois há toda a carreira pós-bond que o confirmou como um actor de referência. O monge detective no clássico "Nome da Rosa", o velho polícia honesto de "Os intocáveis", o aventureiro de fim trágico em "O homem que queria ser rei", o ladrão de bom coração em "O dossier Anderson", o espadachim imortal no "Highlander", o guerreiro semi-despido em "Zardoz", o carismático pai do Indiana Jones no terceiro capítulo da saga, um dos assassinos na melhor adaptação do "Crime do Expresso do Oriente", um Robin Hood envelhecido no "Robin e Marion". E a lista continua. Um compatriota escocês que é um dos homens da minha vida.

domingo, dezembro 04, 2005

Outono

Adoro esta altura do ano. Adoro o frio. Mais um cobertor na cama, uma manta no sofá, saias de lã e casacos compridos. Adoro os dias cinzentos, os céus plumbeos, a chuva a cair, as nuvens densas cortadas por um raio de sol. Não me importo nada que seja de noite às 5 da tarde. Sobretudo se não tiver de andar na rua. Adoro um chá quentinho, uma empada a sair do forno, vin chaud, fritos de Natal. Adoro as cores dos campos do Alentejo, as folhas caídas, o verde perene dos abetos. Adoro o cinzento do mar nos dias de tempestade, as trovoadas, a promessa de neve nunca cumprida. Umas pantufas de pele de carneiro, um gato ao colo, filmes lamechas na televisão. Adoro a antecipação do natal, as ruas iluminadas, as montras decoradas, os magotes de gente às compras na Baixa como se não houvesse crise. Talvez sejam os meus genes celtas, mas esta é para mim a melhor altura do ano.

terça-feira, novembro 29, 2005

Circulação de invisuais


É o que o sinal diz. Juro. A fotografia é mázita, mas não se ganha o World Press Photo com as máquinas fotográficas dos telemóveis...

quinta-feira, novembro 24, 2005

O meu herói




No aniversário, uma das minhas favoritas.
Sempre no meu coração.











It's a Hard Life
(Mercury)

I don't want my freedom
There's no reason for living
with a broken heart

This is a tricky situation
I've only got myself to blame
It's just a simple fact of life
It can happen to anyone
You win - you lose
It's a chance you have to take with love
Oh yeah - I fell in love
But now you say it's over and I'm fallin' apart

It's a hard life
To be true lovers together
To love and live forever
in each others hearts
It's a long hard fight
To learn to care for each other
To trust in one another
right from the start
When you're inlove

I try and mend the broken pieces
I try to fight back the tears
They say it's just a state of mind
But it happens to anyone
How it hurts - deep inside
When your love cuts you down to size
Life is tough - on your own
Now I'm waitin' for something to fall from the skies
Waiting for love

Yes it's a hard life
Two lovers together
To love and live forever
in each others hearts
It's a long hard fight
To learn to care for each other
To trust in one another right from the start
When you're inlove

Yes it's a hard life
In a world that's filled with sorrow
There are people searching for love in every way
It's a long hard fight
But I always live for tomorrow
I'll look back on myself and say I did it for love
Yes I did it for love - for love -
I did it for love

terça-feira, novembro 22, 2005

A minha irmã foi a Roma

e trouxe-me um postal da Bocca della Veritá. Porque é a imagem mental que tenho de Roma onde eu nunca fui.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Engenheiros, economistas e gestores

O mercado de trabalho em Portugal precisa unicamente de economistas, gestores e engenheiros. Pelo menos a fazer fé nos anúncios de emprego publicados no Expresso. O que mais me intriga é a intermutabilidade destas profissões. Já perdi a conta aos anúncios que pediam, para uma mesma função, licenciados numa destas três áreas. Lá que economia e gestão sejam parecidas, eu ainda percebo. Mas agora engenharia? Que raio de trabalho será que tanto possa ser exercido por uma pessoa que perceba de finanças públicas e por uma que saiba construir pontes?E todas as engenharias? Terá as mesmas competências um gestor, um engenheiro naval, um engenheiro químico e um engenheiro ambiental?
Ou são estas os únicas três licenciaturas de qualidade em Portugal? Que independentemente dos seus conteúdos asseguram que os seus graduados são pessoas de confiança, trabalhadoras, empenhadas e inteligentes? O resto só forma madraços, inúteis e incompetentes?
É curioso verificar que nos anúncios de emprego ingleses é raro ser pedido uma formação superior específica. Pedem sim um grau académico e vontade de aprender. Ou capacidades que já tenham sido desenvolvidas em cargos anteriores. Uma escolha de um curso feita aos 18 anos não condiciona para toda a vida o que uma pessoa irá fazer. É certo que certas posições requerem uma formação específica. Não queremos um médico formado em literatura inglesa nem um engenheiro de pontes licenciado em psicologia.
Mas para fazer powerpoints (que é o que parece que a maioria da força de trabalho nas empresas portuguesas se ocupa a fazer) é realmente necessário uma licenciatura em engenharia, economia e gestão?

quarta-feira, novembro 16, 2005

Contos da modernidade avançada

Era uma vez uma senhora loira e bem parecida que se dirige a uma imobiliária para comprar um apartamento num luxuoso condomínio fechado no Algarve. Paga em numerário o sinal do contrato de promessa de compra e venda e agenda uma visita ao apartamento com o marido para uma data próxima. No dia combinado a senhora loira e já não tão bem parecida visita o condomínio acompanhada pela sua extensa família de etnia cigana. No meio de uma grande algazarra, as crianças saltam para a piscina vestidas, os adultos combinam grandes churrascos na relva e festas até amanhecer. O promotor imobiliário entra em pânico e tenta cessar o contrato, o que só sucede a troco de uma choruda indemnização.
Esta história é verídica e veio relatada no Público há umas semanas. E eu acho-a uma parábola deliciosa sobre como os estigmatizados revertem o estigma a seu favor financeiro, como as fortalezas urbanas revelam fraquezas quando os que é suposto ficarem de fora compram o direito a estar lá dentro e como erroneamente se julgam e classificam as pessoas com base só nas aparências. É assim a modernidade avançada.

domingo, novembro 13, 2005

De volta

Depois de um mês em que toda a energia criativa teve de ser devotada a outras tarefas e de uma merecida pausa, o dragão vermelho está de volta. Haja tempo e paciência para postar...

sexta-feira, outubro 07, 2005

As coisas que não têm solução

Humpty Dumpty sat on the wall,
Humpty Dumpty had a great fall,
All the king's horses and all the king's men,
Couldn't put Humpty Dumpty together again.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Eclipse


Eu sei que já passaram alguns dias. Mas estive à espera que o Centro de Astrofísica disponibilizasse umas boas imagens do fenómeno. O material óptico e fotográfico destes dragões

não dá para isto. E o tempo livre e a boa disposição não têm abundado.

Gosto muito de eclipses. Lembram-me como o sistema solar funciona certinho como um relógio, com os planetas a girar em torno do sol, as luas em torno dos planetas, os planetas e as luas em torno de si mesmos, num bailado galáctico afinado e perpétuo. Gosto da luz diáfana e melancólica com que todas as coisas ficam quando a lua escurece o sol. E os eclipses são bons dispositivos dramáticos para resolver situações dificeis na literatura e no cinema. Veja-se os exemplos clássicos do Tintim, das Minas do Rei Salomão, do Ladyhawke.

Tenho pena que sejam tão raros. Mas também se fossem mais comuns não me despertariam tanto interesse.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Algo de bonito para me alegrar


O ritmo de actualização deste blogue é indicativo
do stress em que eu ando. Se não tenho tempo para ter fim de semana, como hei de ter tempo para escrever um post?

terça-feira, setembro 20, 2005

Mais um bicho de que eu gosto


São coloridas, luzidias, húmidas, silenciosas e ágeis. E ao que parece estão em extinção. São um sinal de alarme que o aquecimento global e a poluição nos estão a matar a todos devagarinho. Tenho uma carinho especial pelas salamandras também porque o Karel Kapek, conhecido como o pai do termo robot, escreveu um livro de ficção científica em que estes anfíbios evoluiam, começavam a falar (inclusivamente checo) e travavam uma guerra contra os humanos. A realidade é bem mais triste que a ficção e somos nós que estamos a dar cabo delas...

quinta-feira, setembro 08, 2005

Já não se fazem séries assim


Os actores são soberbos. Os cenários são limitados mas correctos. A recriação de época é impecável. O argumento é sóbrio mas emocionante. As personagens são bem construídas, credíveis, coerentes, geram simpatia e interesse. As histórias são cativantes, realistas, bem construídas. E é Inglaterra, Londres, num período histórico particularmente marcante. Há a transição para o século XX, as sufragetes, a guerra, as greves, o naufrágio do Titanic, a vida boémia, os automóveis, o exército, os dias de férias. A série vive das tensões sociais entre pobres e ricos, homens e mulheres, alemães e ingleses, patrões e criados, jovens e velhos, tradicionalistas e inovadores. Nestes tempos conturbados é um bálsamo, um repouso para os olhos e para a mente, uma distração bem vinda e ansiosamente aguardada todos os serões.

terça-feira, agosto 30, 2005

Agarrem-me senão eu mato(-o?) (-me?) (-vos?) (-nos?)

É a expressão que me vem à cabeça após a triste performance desse cavalheiro da triste figura que dá pelo nome de Manuel Alegre. Até parece que aquele interregno entre o anúncio das televisões e a emissão do discurso serviu para atender um telefonema do Largo do Rato.
Se à República faltavam tomates, sem eles ficámos definitivamente! Manuel Alegre demonstrou em 10 minutos de directo a essência lusa que irremediavelmente nos perde, até ao imprevisível limite da pusilanimidade nacional.
Se Cavaco Silva o segue abdico definitivamente do cartão de eleitor e de qualquer modalidade de exercício da cidadania nesta esterqueira!

segunda-feira, agosto 29, 2005

Dia de festa em Paço de Arcos

Acontece uma vez por ano. Engalanam-se as ruas com luzes coloridas. Enche-se o jardim de barracas de bujigangas, roulotes de farturas, tendas de pestiscos grelhados, carrosséis ruidosos para a miudagem. Saem à rua a banda dos bombeiros, os escuteiros, a filarmónica de Talaíde, os andores dos santinhos, o pálio do padre, os altos dignatários da freguesia e até do município, umas centenas de velhas beatas, uns quantos curiosos nas varandas e espalhados pelas ruas. Benzem-se os barcos na baía e soltam-se uns quantos balões coloridos (este ano bem anémicos, por sinal). Atroam-se os ares com foguetes e com concertos musicais de terceira categoria. No último dia há um espectáculo piro-musical, quando o nevoeiro não faz a desfeita. São as festas do Senhor Jesus dos Navegantes.    

sexta-feira, agosto 19, 2005

Uma canção intrigante

EVERBODY'S FREE (TO WEAR SUNSCREEN)
Baz Luhrmann

Ladies and Gentlemen of the class of ’99
Wear Sunscreen

If I could offer you only one tip for the future,
sunscreen would be it.
The long term benefits of sunscreen have been proved by scientists,
whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience
I will dispense this advice now.

Enjoy the power and beauty of your youth, oh nevermind,
you will not understand the power and beauty of your youth until they've faded.
But trust me, in 20 years you’ll look back at photos of yourself
and recall in a way you can’t grasp now,
how much possibility lay before you
and how fabulous you really looked,
you are not as fat as you imagine.

Don’t worry about the future, or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubblegum.
The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind, the kind that blindside you at 4pm on some idle Tuesday.

Do one thing everyday that scares you

Sing

Don’t be reckless with other people’s hearts,
don’t put up with people who are reckless with yours.

Floss

Don’t waste your time on jealousy, sometimes you’re ahead, sometimes you’re behind,
the race is long, and in the end, it’s only with yourself.

Remember the compliments you receive, forget the insults,
if you succeed in doing this, tell me how.

Keep your old love letters, throw away your old bank statements.

Stretch

Don’t feel guilty if you don’t know what you want to do with your life,
the most interesting people I know didn’t know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year olds I know still don’t.

Get plenty of calcium.

Be kind to your knees, you’ll miss them when they’re gone.

Maybe you’ll marry, maybe you won’t, maybe you’ll have children, maybe you won’t,
Maybe you’ll divorce at 40,
Maybe you’ll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary
What ever you do, don’t congratulate yourself too much or berate yourself either
Your choices are half chance, so are everybody else’s.
Enjoy your body, use it every way you can, don’t be afraid of it,
or what other people think of it, it’s the greatest instrument you’ll ever own

Dance, even if you have nowhere to do it but in your own living room.

Read the directions, even if you don’t follow them.

Do not read beauty magazines, they will only make you feel ugly.

Get to know your parents, you never know when they’ll be gone for good.

Be nice to your siblings, they are the best link to your past
and the people most likely to stick with you in the future.

Understand that friends come and go, but for the precious few you should hold on.
Work hard to bridge the gaps in geography and lifestyle because the older you get,
the more you need the people you knew when you were young.

Live in New York City once, but leave before it makes you hard,
Live in Northern California once, but leave before it makes you soft.

Travel.

Accept certain inalienable truths, prices will rise, politicians will philander,
you too will get old, and when you do you’ll fantasize that when you were young
prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders.

Respect your elders.

Don’t expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund,
Maybe you have a wealthy spouse; but you never know when either one might run out.

Don’t mess too much with your hair, or by the time you're 40, it will look 85.

Be careful whose advice you buy, but, be patient with those who supply it.
Advice is a form of nostalgia, dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off,
painting over the ugly parts and recycling it for more than it’s worth.

But trust me on the sunscreen

segunda-feira, agosto 15, 2005

Contos da modernidade avançada

Era uma vez um sueco que sabia imitar na perfeição o barulho irritante de uma motoreta. Um dia decidiu que não bastava que o seu particular dom fosse conhecido apenas pelo seu círculo de amigos: gravou o som e disponibilizou-o na sua página pessoal na internet. Tornou-se tão conhecido que até um canal de televisão o contactou para reproduzir o barulho do motor de dois tempos ao vivo. Um outro sueco, desta feita designer, inspirado pelo peculiar ruído, desenhou uma imagem animada tão irritante quanto o som - um sapo meio nú, de capacete e blusão do motociclista - e também o colocou on line. Neste mundo tão globalizado, não tardou a que uma companhia de toques de telemóvel alemã comprasse dos direitos do sapo e do som, baptizado Crazy Frog. Ambos invadiram a publicidade televisiva e milhões de pessoas compraram o maldito toque. O sucesso foi tal que um DJ resolveu criar uma canção a partir do toque, com direito a videoclip e tudo. Agora está nos tops por toda a Europa. Um jogo electrónico já está em preparação. Não me espanta que daqui ainda saia um filme e toda uma linha de merchandising: T-shits, bonecos de plástico, cuecas, escovas de dentes... No end...

quarta-feira, agosto 10, 2005

Os homens da minha vida


Quando me perguntavam o que é que eu queria ser, a minha primeira e única resposta foi: astronauta. Mas os meus heróis não era os americanos na lua. Muito provavelmente por influência familiar, as minhas referências eram os cosmonautas soviéticos. A primeira cadela no espaço, Laika, a primeira mulher, Valentina Tereskova, e claro, o primeiro ser humano que se aventurou para além da atmosfera terrestre e que viu que o planeta visto de cima era azul: Yuri Gagarin. Era bonito e corajoso, morreu novo e tornou-se num ícone. A história toda está aqui. Agora já sou demasiado cobardolas para sonhar ser astronauta. Mas o sonho está lá, e volta há tona sempre que há notícias da exploração espacial. Talvez um dia eu também veja a Terra azul a partir do espaço.

sábado, agosto 06, 2005

Mais um exercício de nostalgia


Não me lembro das histórias, nem da duração dos episódios, nem sequer de quando passou na televisão. Mas os personagens e os nomes colaram-se à minha memória: o cão Franjinhas, o Zebedeu malvado, a vaca Margarida, o caracol Ambrósio. Lembro-me da música, dos bonecos, das flores de plasticina. E que não havia violência, não havia monstros, não havia merchandising agressivo nem fast food cheia de açucar a oferecer autocolantes. Pois é, uma pessoa com a idade fica mesmo conservadora e bota de elástico...

terça-feira, agosto 02, 2005

Ainda a música do século XX

Heaven... I'm in heaven,
And my heart beats so that I can hardly speak.
And I seem to find the happiness I seek,
When we're out together dancing cheek to cheek.

Heaven... I'm in heaven,
And the cares that hung around me through the week,
Seem to vanish like a gambler's lucky streak,
When we're out together dancing cheek to cheek.

Oh, I love to climb a mountain,
And to reach the highest peak.
But it doesn't thrill me half as much
As dancing cheek to cheek.

Oh, I love to go out fishing
In a river or a creek.
But I don't enjoy it half as much
As dancing cheek to cheek.

Dance with me!
I want my arms about you.
The charms about you
Will carry me through to...

Heaven... I'm in heaven,
And my heart beats so that I can hardly speak.
And I seem to find the happiness I seek,
When we're out together dancing cheek to cheek.

Irving Berlin

domingo, julho 31, 2005

Uma boa surpresa


Ontem fomos a mais um concerto da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras.

No programa um favorito de todos: as quatro estações de Vivaldi. Como brinde uma peça desconhecida: as variações que o Astor Piazzollla fez do clássico.

Se o Vivaldi não desaponta ninguém, o Piazzolla foi uma sublime surpresa. Muito século XX, muito tango, muita paixão tangida nas cordas (um dos violinistas inclusivamente rebentou uma das cordas do arco...). É mesmo verdade que com a idade uma pessoa refina os gostos e suponho que seja isso que me está a acontecer com a música mais recente. Mas não creio que haja esperança para o Stockhausen.

sábado, julho 23, 2005

O que nos fica das férias

Provavelmente muito gente dirá o mesmo, mas as férias são para mim os melhores dias do ano. Como dragões urbanos que somos, as férias são sempre numa cidade, de preferência noutro país. Percorrer as ruas, visitar museus e monumentos, experimentar gastronomias, disfrutar dos cafés, das esplanadas, dos parques e jardins, os dias correm céleres, numa ânsia de tudo ver e tudo guardar na memória. Não raramente, chego ao fim das férias com pouca vontade de regressar à base, com sonhos de emigrar e me estabelecer num país mais limpo, mais organizado, mais eficiente, mais honesto.
Na impossibilidade de concretizar estes projectos, só nos resta prolongar simbolicamente as férias, fingir que ainda lá estamos. Horas passadas a rever as centenas de fotografias tiradas, a ler os catálogos dos museus, a folhear os mementos que eu insisto em trazer, dos bilhetes de transportes às facturas dos cafés. Durante umas semanas ainda compramos os jornais importados, seguimos as notícias da terra visitada com atenção, desfilamos as recordações de férias com os amigos.
E há a comida. Talvez a maneira mais duradoura e sensorial de evocar aqueles poucos dias em que fomos tão felizes. O dragão verde encarrega-se de encontrar e reproduzir as receitas que nos deixam na boca o sabor de uma cidade amada. Há o Long Island Ice Tea de Manchester. As salsichas de Viena. A Mushroom and Stilton Soup de Edinburgo. O Vin Chaud de Paris. A Beef and Ale Pie de Londres. O salmão marinado com salada de batata de Estocolmo. As tapas de Barcelona. As francesinhas do Porto. As costoletinhas com arroz de feijão de Coimbra.
A colher de pau é uma máquina do tempo...

quarta-feira, julho 20, 2005

Autarquias

Por causa do meu excesso de voluntarismo, a minha caixa de correio nunca está vazia. Uma participação mal sucedida num concurso de ideias e o preenchimento de uma ficha para receber os periódicos municipais resultaram numa substancial fonte de receitas para os CTT. Os periódicos chegam sempre em duplicado, porque a amável autarquia disso se encarrega, com uma distribuição porta a porta e uma via empresa postal. Através da minha malfadada inclusão na lista de correspondência, não há dia que não tenha um ou vários envelopes com o brasão municipal, frequentemente com o autocolante do correio azul. Lá os convites para as actuações da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras ainda merecem uma leitura atenta e muitas vezes uma resposta positiva. Um debate na biblioteca municipal ou uma exposição de artes plásticas, uma vez por outra lá vou. Agora as milhentas solicitações para a minha presença na inauguração de rotundas, pracetas, placas toponímicas, obras de arranjo de canteiros e parques infantis, centros paroquiais, arruamentos, e todas as minudências que não são mais do que a obrigação do poder local... Directamente para a reciclagem, com uns palavrões pelo meio em protesto pelo uso que é feito dos dinheiros públicos. Quero emigrar!

sábado, julho 16, 2005

Cidade azul e verde


Um terço água, um terço floresta, um terço construção. Estocolmo é a mais perfeita cidade que conheço.

No Verão é de uma beleza radiosa. O sol quase permanente invade as ruas, reflecte-se nas águas, salienta a incrível beleza e luminosidade de muitos dos edifícios.

Os autócnes invadem os parques, misturam-se com os patos, as gaivotas e as gralhas, deitam-se na relva ao sol, dão migalhas à bicharada, deixam os filhos correr à solta. Os muitos que têm barco disfrutam das águas cálidas, cruzam-se com os paquetes e os ferry que atravessam o Báltico.

As ruas são planas, amplas e arborizadas, perfeitas para caminhar. Os transportes são regulares e bem organizados. Para todas as bolsas, não faltam cafés, restaurantes, esplanadas, lojas de conveniência com comida para um piquenique. Os museus são interessantes, os palácios opulentos. Há muito para ver, para fazer e para disfrutar.

Uma cidade boa para visitar. Boa para viver?

terça-feira, julho 12, 2005

O céu na terra

The Divine Comedy - Sweden

I would like to live in Sweden
When my work is done
Where the snow lies crisp and even'
Neath the midnight sun
Safe and clean and green and modern
Bright and breezy?free and easy
Sweden?Sweden?Sweden?
In Sweden
I am gonna live in Sweden
Please don't ask me why
For if I were to give a reason
It would be a lie
Tall and strong and blonde and blue-eyed
Pure and healthy, very wealthy
I'll grow wings and fly to Sweden
When my time is come
Then at last my eyes shall see them
Heroes every one
Ingmar Bergman
Henrik Ibsen
Karin Larrson
Nina Persson

sexta-feira, junho 24, 2005

terça-feira, junho 14, 2005

Na morte de um ícone


Num país de gente medíocre, há poucos personagens assim. Carismático. Persistente. Brilhante. Uma vida fascinante em tempos negros, uma crença férrea contra ventos e marés, uma arte luminosa e cheia de esperança. Dava um filme. Ou um romance. Ou uma biografia em trilogia.

quinta-feira, junho 09, 2005

Primeiro dia de praia

Céu azul. Sol no firmamento. Calor na medida certa. Água quentinha. Ondas saltitonas. Areia limpa. Uma camada de protector solar. Um chapéu de sol. O recorte agudo da serra, com umas malvadas casas a despontar. Veleiros no horizonte. O mar infinito. Um passeio de carro ao longo das falésias. Um final de tarde de Verão. Primeiro dia de praia.

quarta-feira, junho 01, 2005

sábado, maio 28, 2005

Nostalgia

O elefante Babar é o heroi de livros infantis dos anos 30 e de uma série de animação televisiva muitas décadas depois. As histórias são simples, ternas e moralistas. Seguimos o pequeno elefante da selva a Paris, onde é educado por uma elegante senhora, e de volta os seu país africano, onde se torna rei, casa, tem filhos, que educa segundo os mesmos princípios de honestidade, cortesia e bondade. Há um macaco que faz asneiras, um elefante cortesão disparatado que se chama Pompadour, um elefante general velhote e nem faltam os inimigos: a familia real rinoceronte do reino vizinho. Entre tantos desenhos animados violentos, grosseiros e desagradáveis, faz-me falta ver as aventuras de Babar.

quarta-feira, maio 25, 2005

Gosto deste livro

Ainda na senda da segunda guerra mundial, lembrei-me desta obra. É mais uma vez um conjunto de livros (uma trilogia, seguida de outra), que segue os reveses da fortuna de um casal britânico neste período histórico. É raro eu gostar de literatura escrita por uma mulher, mas há qualquer coisa de muito apelativo nestes livros. Talvez o exotismo das localizações (Roménia, Grécia, Egipto, Próximo Oriente), talvez a sensação dos protagonistas estarem recorrentemente a fugir da avalanche da guerra que os ameaça envolver, talvez a galeria de secundários pitorescos, talvez o retrato de um casamento disfuncional e de uma mulher resiliente, talvez a história de pessoas comuns a viverem num tempo incomum. Quase duas mil páginas que prendem, enredam, emocionam o leitor. Os livros foram adaptados à televisão, numa série protagonizada por Kenneth Branagh e Emma Thompson, quando eram o casal maravilha do teatro inglês. Gosto muito deste livros.

terça-feira, maio 24, 2005

Revivalismo

Uma canção patriótica da 2ª Guerra, cantada pela Vera Lynn

We'll meet again,
Don't know where,
Don't know when,
But I know
We'll meet again
Some sunny day.

Keep smiling through
Just like you
Always do
Till the blue skies
Drive the dark clouds
Far away.

So will you please
Say hello
To the folks
That I know
Tell them, I won't be long.

They'll be happy to know
That as you saw me go
I was singing this song.

E aqui pode ser ouvida.

quarta-feira, maio 11, 2005

segunda-feira, maio 09, 2005

Dia da Europa

Eu europeísta me confesso. Gosto de carros alemães. De literatura britânica. De queijos franceses. De pintura holandesa. De goffres belgas. De comida italiana. De mobília sueca. Da vida urbana espanhola. De Legos dinamarqueses. De kombolois gregos. De pantufas finlandesas. De música irlandesa. De séries de televisão austríacas. Do mar português. Sinto-me em casa na Europa. Mas na Europa multicolor, multiétnica, multilíngue, cosmopolita, tolerante e aberta.

sábado, maio 07, 2005

Gosto desta série



A minha anglofilia expressa-se de muitas formas e uma delas é no culto do humor britânico. Há muitas séries geniais e Little Britain é uma delas. Os dois autores/actores desdobram-se numa conjunto de personagens surreais, ou perigosamente reais, que retratam a Inglaterra actual . A adolescente analfabeta e irresponsável, o gordo preguiçoso numa cadeira de rodas e o idealista voluntário, o único gay da aldeia galesa, o travesti vitoriano de sombrinha, a velha escritora de novelas românticas a metro, a preconceituosa coordenadora dos gordos anónimos... Há as catch-frases memoráveis, a caracterização impecável, as situações inesperadas, a crítica social, o nonsense em voz off. É a minha Inglaterra, mas num espelho distorcido.

domingo, abril 24, 2005

Wanderlust

É algo que me dá de tempos a tempos. Uma vontade de partir, fazer as malas e embarcar num avião. Não significa um descontentamento com a minha vida actual. Nem desejo de estar só, porque não concebo uma viagem sem o dragão verde. É uma pulsão por mudar de ares, ver-me livre de um país que me desgosta, nem que seja por uns dias. Passear, ver coisas bonitas num museu, ler a imprensa local, falar uma língua estrangeira, estudar um mapa, planificar os dias para aproveitar cada instante, sentar-me numa esplanada em frente a um monumento, dormir num quarto de hotel, comer refeições indígenas, palminhar as ruas, fotografar cada paisagem urbana que me desperta o interesse, comprar livros, usar os transportes públicos, descansar num banco de jardim, escrever postais, saborear cada instante e guardá-lo na memória como um tesouro. Não é um wanderlust campestre nem exótico, nem de praias nem de montanhas. É um wanderlust urbano, europeu, civilizado. E começa a dar-me formigueiro nos pés...

quinta-feira, abril 21, 2005

Vantagens de uma boa imprensa...

Ainda não tinha escrito o meu primeiro post sobre o governo socialista...
Devo confessar que gostei daquele impulso inicial de pisar os calos ao lóbi dos comerciantes de medicamentos. Teve a importância que teve (nula) mas considerei-a uma boa entrada em jogo.
Desde lá até agora,devo dizer que me irritaram diversas medidas. Tenho estado contido mas já não consigo resistir durante mais tempo. Vou, então, enumerá-las:
1. A profunda idiotice de enviar delegados do ministério público (ou até juízes) em acompanhamento (coordenação? emissão de mandatos?) de rusgas policiais;
2. A cretinice dos 1000 estágios para jovens licenciados em ciências e engenharia a integrar nas PME. Se estas deles necessitassem efectivamente (ou seja, se houvesse uma clara determinação das necessidades de recursos humanos por parte da direcção das PME) já os teriam contratado. Assim, com subsídio estatal e tudo, devem ficar a tirar fotocópias das facturas ou a preencher as declarações de IRC e IVA. Até parece que já estou a ouvir os empresários em reunião de amigos a gozar com o assunto;
3. A rematada estupidez dos 500 estágios (300, de primeira, para licenciados provavelmente em locais glamorosos; 200 de segunda para ex-alunos das escolas profissionais, certamente para irem coser bolas de futebol e chuteiras no Paquistão) nas 7 (?) partidas do mundo, em grandes empresas mundiais, supostamente para irem aprender como se inova. Já estou a ver muito bom filho de boas famílias a manobrar para conseguir um destes estágios e depois encontrar um bom emprego nas empresas do costume que todos nós suportamos com os nossos impostos.

O governo do Santana produzia avidamente as já conhecidas idiotices e no próprio dia ou no seguinte deparava-se com a inevitável barragem crítica. O que é feito desta perante semelhante rol do novo governo? Será a imprensa maioritariamente de esquerda? Será o estado de graça?
Por agora chega. Vou investigar as novidades relativas à segurança social e já volto.

domingo, abril 17, 2005

Gosto deste filme


zissou
Originally uploaded by Aloysius.
Raramente saio do cinema com semelhante sensação de maravilhamento. Não é um filme, é uma experiência. É impossível elencar tudo o que deslumbra nesta obra-prima. As personagens da equipa Zissou. O barco. A ilha peixeespada. O design seventies. As cores. As músicas do David Bowie em brasileiro. O mar. As peripécias do argumento. O cão perneta. Os piratas filipinos. A fauna fantasiosa. A geografia inventada. A ciência parodiada. As cenas de acção roubadas a filme série Z. Os actores. A terna homenagem aos documentários do Cousteau da minha infância. O clube dos exploradores. O tema da recomposição familiar e dos dilemas da paternidade. A viagem final no submarino. Gosto mesmo muito deste filme. Muito.

quarta-feira, abril 13, 2005

Gosto deste livro


O autor ficou muito mais conhecido com a série de livros sobre uma mulher detective no Botswana. Mas esta triologia (no que se confirma a minha preferência por livros múltiplos) é anterior e de todo inferior. As aventuras de um professor de filologia românica alemão garantem horas de diversão e mesmo de riso incontido. As idiossincracias académicas, os chauvinismos teimosos, as difíceis relações com o sexo oposto, as viagens, os cães salsicha, os países de opereta da América do Sul, nestes livros cabe um caleidoscópio de personagens e situações díspares e intrigantes. Não será talvez uma obra prima, mas, dentro da literatura humorística, é do melhor que há.

terça-feira, abril 05, 2005

O poder na ponta dos dedos

Se eu tivesse de nomear a mais importante transformação tecnológica das últimas décadas, o que me viria logo à cabeça é a internet. Talvez haja outras inovações - na área da saúde, ou dos transportes, ou do trabalho - que tenham um impacto mais profundo na minha vida, mas a internet mudou o meu quotidiano.
Se a informação é realmente poder, que extraordinário manancial de domínio está agora à nossa disposição através de um simples terminal de computador. É certo que circula na net muita informação falaciosa, errada, mistificadora, não comprovada, difamatória, etc. E que são tenebrosos os usos que podem ser feitos dos dados pessoais que residem em multiplos sítios na rede. E que se abrem portas à fraude, ao plágio, à cópia ilegal. E que provavelmente a esmagadora utilização deste recurso se dirija para o entretenimento, os jogos, a pornografia, a conversa de chacha.
Mas que mundo de possibilidades se abre com a internet. Consultar uma enciclopédia, ler um livro ou um artigo científico, verificar uma data ou um nome, estar a par das notícias, marcar uma viagem, comprar um frigorífico, ouvir música, ver um filme, visitar um museu virtual, encontrar um poema, conferir a grafia de uma palavra ou o significado de uma expressão, pesquisar uma receita, fazer a inscrição num congresso, procurar emprego, reservar um bilhete para um espectáculo, falar com amigo distante.
Nenhum destes actos é verdadeiramente novo. Mas poder realiza-los todos do conforto de casa, sentado numa cadeira, apenas pela pressão dos dedos num teclado, é magnífico.

domingo, abril 03, 2005

Gosto desta música



Johannes Sebastian Bach é para mim o maior entre os mestres. Entre centenas de obras-primas, esta é talvez a minha preferida. A harmonia perfeita tão típica do barroco é levada ao extremo, aos limites do sublime. Lembra-me bosques verdejantes num dia de sol, o sol a brilhar entre as folhas das árvores, um regato a correr através de um prado, um dia de sonho. Música para louvar a deus.

sábado, abril 02, 2005

Os homens da minha vida


errol
Originally uploaded by Aloysius.
De collants e espada na mão, o mais destemido dos heróis. Fora da lei, flibusteiro, cowboy, cortesão, era nos filmes de aventura de época que mais brilhava. Talvez fosse um actor limitado, mas destilava charme de todos os poros. A sombrancelha arqueada, o sorriso malandro, as proezas acrobáticas para resgatar a pobre donzela em perigo. Nasceu na exótica Tasmânia e teve uma série de empregos bizarros antes de se tornar actor. Ao que parece a Olivia de Havilland não o podia ver nem pintado, tinha simpatias nazis e uns processos legais obscuros por sexo com menores. Acabou alcoólico e falido, a representar-se a si mesmo em filmes melancólicos. Mas é para mim o melhor espadachim da tela e um dos homens da minha vida.

sexta-feira, abril 01, 2005

Espírito da Primavera

I wander'd lonely as a cloud
That floats on high o'er vales and hills,
When all at once I saw a crowd,
A host of golden daffodils,
Beside the lake, beneath the trees,
Fluttering and dancing in the breeze.


Continuous as the stars that shine
And twinkle on the Milky Way,
They stretch'd in never-ending line
Along the margin of a bay:
Ten thousand saw I at a glance,
Tossing their heads in sprightly dance.

The waves beside them danced, but they
Outdid the sparkling waves in glee:—
A poet could not but be gay
In such a jocund company!
I gazed, and gazed, but little thought
What wealth the show to me had brought:

For oft, when on my couch I lie
In vacant or in pensive mood,
They flash upon that inward eye
Which is the bliss of solitude;
And then my heart with pleasure fills,
And dances with the daffodils.

W. Wordsworth

quarta-feira, março 30, 2005

Lindo gatinho


G2
Originally uploaded by Aloysius.
Meu lindo gatinho, tão trabalhador... quando é que aprendes a pôr posts, que os dragões andam muito pouco blogue-activos...

quinta-feira, março 24, 2005

No centenário


Librarie Jules Verne
Originally uploaded by Aloysius.

Acho que foram os livros de Julio Verne a fazer germinar o meu amor pela literatura. Tantas horas entretidas em viagens de balão, submarino, elefante, veleiro, foguetão, transatlântico, cavalo, comboio. Em África, na China, na Patagónia, na Polinésia, na Sibéria. O heroi destemido, a heroí­na a carecer de regate, os companheiros humorísticos, o vilão odioso. Numa ilha, num castelo, no fundo do mar, à volta do mundo, dentro de um vulcão. Máquinas engenhosas, futuros tecnológicos, natureza extrema. De tudo havia nos romances de Julio Verne. Até enlaces românticos. Mas sobretudo aventura, exploração, descoberta. São hinos de amor à ciência mas também às virtudes humanas: coragem, generosidade, engenho, curiosidade, amizade.

Há em Paris uma livraria com o nome dele. Dedicada à literatura de viagens.

domingo, março 20, 2005

Música para as massas

Há neste cantinho solarengo de um tenebroso país uma excelente inciativa: a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras. Umas duas vezes por mês em cada concelho apresentam-se ao público numa sala de espectáculos ou igreja, com entrada gratuita e tocam um pouco mais de uma hora de música. Suspeito que os concertos com autores mais populares, como Mozart e Vivaldi, são mais frequentados que as incursões na música contemporânea. Como a Orquestra funciona também como uma escola para jovens intérpretes, nem sempre a qualidade da execução é a toda a prova. Parece-me que o facto da audiência aplaudir nas pausas entre andamentos causará alguma irritação nos músicos. E dúvido que se se vendessem bilhetes as salas ficariam tão compostas. Mas é política cultural municipal a sério, democrática e de qualidade. E, uma ou duas vezes por mês, uma experiência a não perder.

sábado, março 19, 2005

Memorabilia



Há muitos anos passava na tv uma série de desenhos animados jugolsva de que guardo ternas memórias. O Professor Baltazar resolvia todos os problemas do mundo construindo máquinas que terminavam em torneiras que deitavam um líquido que provoca uma explosão e tudo acabava em bem. Pacifista, bem humorado, divertido, colorido. Já não há desenhos animados assim...

segunda-feira, março 14, 2005

Às vezes isto não me sai da cabeça

If I should fall from grace with God
Where no doctor can relieve me
If I'm buried 'neath the sod
But the angels won't receive me

Let me go, boys
Let me go, boys
Let me go down in the mud
Where the rivers all run dry

Bury me at sea
Where no murdered ghost can haunt me
If I rock upon the waves
Then no corpse can lie upon me

It's coming up three, boys
Keeps coming up three, boys
Let them go down in the mud
Where the rivers all run dry

Pogues

sexta-feira, março 11, 2005

Contra o Dia da Mulher

Eu sou contra o Dia da Mulher (e do Homem e da Minoria Étnica e do Deficiente e do Gato e da Pulga). Eu sou contra mulheres serem condecoradas no Dia da Mulher: pressupõe-se que é mais por serem mulheres que por terem atingido a excelência nas suas áreas respectivas. Eu sou contra as quotas de mulheres e contra contarem-se as cabeças femininas no Governo e no Parlamento e seja onde for. Eu sou contra canais televisivos para mulheres e revistas para mulheres e livros para mulheres. Eu sou contra os anúncios onde as mulheres são as domésticas e os homens os cientistas, onde as meninas brincam com bonecas e os meninos com carrinhos, onde as mulheres são estupidas e fúteis e os homens inteligentes e sensatos. Eu sou contra a ideia feita que as mulheres são emocionais e os homens racionais, que as mulheres têm uma sensibilidade especial, que são incapazes de violência e agressividade. Eu sou contra a generalização que as mulheres têm maiores capacidades de empatia e expressão linguística e menores capacidades de orientação espacial e habilidade técnica. Eu, no fundo, sou contra as mulheres. Só sou mesmo a favor das pessoas.

segunda-feira, março 07, 2005

Gosto deste bicho



Tem muito em comum comigo, é herbívoro, inofensivo e pouco amigo de se mexer com velocidade. Alguns exemplares tornam-se mesmo esverdeados, devido a algas que crescem no pêlo. Têm um ar sorridente e quase humano. Não chateiam ninguém, chegam a estar uma semana sem deixar uma árvore. É um bicho simpático.

domingo, março 06, 2005

Outro dia de disposição patriótica

Jerusalem

And did those feet in ancient time
Walk upon England's mountains green?
And was the holy Lamb of God
On England's pleasant pastures seen?

And did the Countenance Divine
Shine forth upon our clouded hills?
And was Jerusalem builded here
Among these dark Satanic mills?

Bring me my bow of burning gold:
Bring me my arrows of desire:
Bring me my spear: O clouds unfold!
Bring me my chariot of fire.

I will not cease from mental fight,
Nor shall my sword sleep in my hand
Till we have built Jerusalem
In England's green and pleasant land.

William Blake

terça-feira, março 01, 2005

Ódios de estimação

Como eu abomino os condutores portugueses. Eu já nem falo das manobras perigosas, do excesso de velocidade, do chico-espertismo, da agressividade homicida. Só o estacionamento já me dá dores de cabeça.
Adoro parquímetros. Custa-me pagá-los, mas aceito a despesa adicional como um imposto por preterir os transportes públicos. Verdade seja dita, para o par de horas que geralmente uso, a quantia é irrisória. Adoro parquímetros porque me permitem arranjar estacionamento em qualquer parte da cidade: é tal a repugância dos automobilistas por dispender uns trocos que há sempre lugares disponíveis. Mas tal também traz malefícios. Carros nos passeios, carros nas curvas, carros nas passadeiras, carros a tapar a visibilidade, carros à porta da garagem, carros nos viadutos, carros nas rotundas.
Depois há a mania tão portuga do "eu vou só ali e já volto": carros em segunda fila, carros no meio da estrada, carros a impedir o caminho. E do "é só um instantinho para deixar aqui um passageiro". E agora a moda de parar o carro na berma, mesmo na auto-estrada, para atender o telemóvel.
Ai se eu tivesse o raio da morte...

domingo, fevereiro 27, 2005

A peste


G3
Originally uploaded by Aloysius.
Percebe-se porque ninguém diz que os gatos são os melhores amigos do homem... Têm demasiados defeitos humanos.

sábado, fevereiro 26, 2005

Gosto deste livro



Confesso uma predilecção por livros multiplos: triologias, tetralogias, dodecaedrologias... Mais satisfatórios ainda que os livros longos, porque a divisão em obras autónomas torna possível fazer pausas, interrupções mais ou menos longas, retomar a história sem perder o rumo porque são geralmente feitas referências aos volumes precedentes...
E este é um dos meus favoritos. O exotismo dos sítios, das personagens, das situações, a atmosfera complexa do entre-guerras, a escrita poética e cuidada. Está muito bem conseguida a pluralidade de pontos de vista em que um mesmo acontecimento é descrito em diferentes momentos do livro. É tantalizador tentar perceber todos os fios da meada, que só se destrinçam na totalidade quando se chega ao fim do quarto volume. Como na vida, não há finais felizes e não há verdadeiramente um fim da história.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

A vida continua

The big wheel keeps on turning
On a simple line day by day
The earth spins on its axis
One man struggle while another relaxes

Massive Attack

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Isto ajuda-me a pensar


komboloi
Originally uploaded by Aloysius.
O som das contas que se entrechocam, o frio da resina ao tacto, a ginastica dos dedos a percorrer o fio, o brilho opaco de ébano fingido. O komboloi é uma boa companhia para os exercícios mentais mais intensos. Obrigada aos dragões brancos pela prenda, tem sido muito útil.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Declaração de voto

É sem convicção alguma que no dia 20 votarei no PS e em José Sócrates.
A mobilização é quase nula mas entendo que é necessário mudar. E com maioria absoluta.
É imprescindível que não restem desculpas para o imobilismo e para a sujeição da vontade aos lóbis e corporativismos que tolheram o (tímido) impulso de mudança dos últimos governos.
Estou também convencido que, mesmo que obtenha a maioria absoluta, o governo do PS não terá vida fácil. Seguindo-se ao inenarrável governo de Santana Lopes, este governo será, provavelmente, o mais escrutinado da ainda curta história democrática portuguesa. E é necessário que assim seja. Não para que cumpra o seu programa eleitoral, cujo destino pós-eleitoral será, certamente o lixo. Mas para alinhave e cumpra três ou quatro medidas fundamentais para o futuro do país. Controle das finanças públicas, qualificação das novas gerações e das menos novas até ao limite do democraticamente possível, reforma fiscal e reforma da justiça. Saúde e Segurança Social para quando possível.

Não será certamente a última oportunidade, mas não teremos muitas mais.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Dia de S. Valentim

Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett

sábado, fevereiro 12, 2005

Um dia tão bonito merece uma canção de Cole Porter

Heaven
I'm in Heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find the happiness I seek
When we're out together dancing cheek to cheek

Heaven
I'm in Heaven
And the cares that hang around me through the week
Seem to vanish like a gambler's lucky streak
When we're out together dancing cheek to cheek

Oh! I love to climb a mountain
And to reach the highest peak
But it doesn't thrill me half as much
As dancing cheek to cheek

Oh! I love to go out fishing
In a river or a creek
But I don't enjoy it half as much
As dancing cheek to cheek

Dance with me
I want my arm about you
The charm about you
Will carry me through to

Heaven
I'm in Heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find the happiness I seek
When we're out together dancing cheek to cheek

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Gosto deste filme



Deve ser a enésima adaptação do livro, mas é também uma das mais fiéis. Está lá o estilo ultra-romântico, a tragédia, o erotismo, a weltanschauung oitocentista do progresso, da doença, da nostalgia medieva. E estão as imagens oníricas, as cores fortes, as passagens de cena imaginativas de um grande realizador. Se os secundários são contestáveis (ainda está para aparecer um filme em que o Keanu Reeves seja mais expressivo que o pinóquio), os actores principais foram escolhidos a dedo. Eu tive dúvidas antes de ver o Gary Oldman, mas era mera ignorância. Sedutor e temível, o sotaque mitteleuropa fica na memória. I have crossed ocean of time to find you...

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Os homens da minha vida


fry1
Originally uploaded by Aloysius.
É um homem do Renascimento na acepção moderna. Começou no teatro e na comédia, ganhou renome na televisão (com o parceiro Hugh Laurie), foi actor em filmes (da pequena jóia Peter's friends à infame película das Spice Girls), passou a escrever romances (alguns dos quais brilhantes), estreou-se na realização, viajou até ao Perú em busca do urso Paddington (à laia de Michael Palin)... É um personagem curioso: filho de um cientista, semi-delinquente na adolescência, membro da Sociedade de Admiradores de Sherlock Holmes e do Mensa (a associação para gente com um QI anomalamente elevado), licenciado de Cambridge, homossexual não praticante durante vários anos, fã nº 1 de Oscar Wilde, P. G. Woodehouse e Evelyn Waugh, proprietário de uma mansão em Norfolk... The Liar e The Hippopotamus são dos romances mais divertidos e interessantes dos últimos tempos, A bit of Fry and Laurie e Jeeves and Wooster estão entre as melhores séries britânicas, já isso basta para o Stephen Fry ser um dos homens da minha vida.