sábado, dezembro 31, 2005
Votos de Ano Novo
quinta-feira, dezembro 29, 2005
Gosto deste bicho
sábado, dezembro 24, 2005
sexta-feira, dezembro 23, 2005
Contos da modernidade avançada
Era uma vez uma vetusta instituição museal, velha de um quarto de milénio, rica como Cressos, epítome do saber curatorial, pejada de curadores de currículos longuíssimos, recheada de tesouros inigualáveis, sediada na capital do mundo civilizado. E era uma vez um artista de graffitti irreverente, que enche as ruas desta capital de desenhos sarcásticos (ver aqui). Durante um par de dias este curioso exemplar de arte rupestre esteve pendurado nas paredes da vestusta instituição, acompanhado de uma esclarecedora legenda: "homem primitivo aventura-se em terrenos de caça fora da cidade. Este exemplo de arte primitiva em óptimo estado de conservação data do período Pós-Catatónico." E mais umas quantas irónicas referências que ao que parece passaram por sérias reflexões académicas... Pois, ao que parece a arte trocou as voltas aos sistemas periciais... Depois a "obra de arte" foi retirada de exposição e tudo voltou à normalidade. É assim a modernidade avançada.
terça-feira, dezembro 20, 2005
Gosto deste livro
Talvez seja mais exacto dizer que gosto deste autor. Não é alta literatura, não é Proust, não é sequer do melhor que a ficção britânica contemporânea oferece, mas certamente proporciona horas de boa leitura, de diversão, de entretenimento inteligente. Quer as aventuras africanas da primeira mulher detective do Botswana, quer as atribulações do professor alemão de filologia românica especializado em verbos irregulares portugueses, quer agora as várias séries que têm Edimburgo como pano de fundo são imperdiveis. Histórias simples, personagens memoráveis, humor inesperado e um sentido moral pervasivo fazem destes livros uma boa companhia em tardes de sol, noites de chuva e manhãs nubladas.
O exemplar em questão é de facto a versão em livro de um folhetim diário publicado num jornal escocês, inspirado nas crónicas de São Francisco de A. Maupin. Na minha modesta opinião o émulo supera o original, mas isto dever-se-á sobretudo à minha europofilia (e sobretudo anglofilia)impenitente. As histórias cruzadas dos habitantes de um prédio da New Town de Edimburgo devolvem-me ao que é uma das cidades da minha vida. Há uma antropóloga sábia, uma rapariga que não sabe o que quer da vida, uma mãe obsessiva com o sucesso do filho em idade pré-escolar, um rapaz mau carácter, um pintor com um cão alcoólico, uma proprietária de café literata, um dono de galeria ignorante em pintura e em tudo o resto mas de bom fundo... E há sobretudo a cidade, com os cafés, as lojas, as ruas, os museus, os túneis secretos, as estações de comboio, os parques e jardins, os hotéis... Por tudo isso, gosto deste livro.
quinta-feira, dezembro 15, 2005
O dragão fatalista
Pela vida fora
Que havemos de fazer
O que rege a sorte agora
Foi escrito outrora
Logo ao nascer
O relógio marca o tempo de viver
Todos nós somos iguais
Se o destino nos condena
Não vale a pena lutarmos mais
O passado nunca volta, podes crer
O futuro não tem dono
Toda a flor por mais bonita há de morrer
Quando chega o seu Outono
Temos hoje para viver toda uma vida
Amanhã que longe vem
A saudade está escondida
Num destino por medida
Para nós dois e mais ninguém
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Nostalgia
É de certeza uma marca da minha idade avançada o facto não só de considerar que na minha infância as séries de televisão eram melhores mas também de o estar constantemente a repetir.
E esta é certamente uma das minhas favoritas. Francesa, é um sequela de uma série sobre a história, "Era uma vez o Homem", e antecede outra com os mesmos bonecos, de cariz ainda mais didáctico, "Era uma vez o corpo humano". Politicamente correcta, há novos e velhos, homens e mulheres, de cores variadas. Os maus eram facilmente identificáveis pelo grande nariz vermelho, provinham de Cassiopeia e o seu símbolo era formado pelo W da constelação.
Confesso que não me recordo bem das histórias. Mas passava-se no espaço, tinha naves, lutas, planetas, a eterna luta do bem contra o mal. E eu nesta altura queria tanto ser astronauta...
E a música, pelo menos a versão portuguesa, era brilhante... Quem me dera saber por ficheiros audio no blogue...
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Contos da modernidade avançada
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Os homens da minha vida
O Bond definitivo. Uma voz hipnótica, um áspero sotaque escocês, charme da cabeça aos pés, um andar felino, a epítome da elegância dentro de um smoking nas cenas de casino, letal com a Wahlter PPK, imbatível com os punhos, irresistível para a míriade de bond girls. As histórias podem ser previsíveis, as aventuras amorosas um bocado foleiras, os vilões incredíveis, mas são os cenários exóticos, a paixão pela tecnologia e a infabilidade do herói que tornam estes filmes míticos.
Depois há toda a carreira pós-bond que o confirmou como um actor de referência. O monge detective no clássico "Nome da Rosa", o velho polícia honesto de "Os intocáveis", o aventureiro de fim trágico em "O homem que queria ser rei", o ladrão de bom coração em "O dossier Anderson", o espadachim imortal no "Highlander", o guerreiro semi-despido em "Zardoz", o carismático pai do Indiana Jones no terceiro capítulo da saga, um dos assassinos na melhor adaptação do "Crime do Expresso do Oriente", um Robin Hood envelhecido no "Robin e Marion". E a lista continua. Um compatriota escocês que é um dos homens da minha vida.
domingo, dezembro 04, 2005
Outono
terça-feira, novembro 29, 2005
Circulação de invisuais
quinta-feira, novembro 24, 2005
O meu herói
No aniversário, uma das minhas favoritas.
Sempre no meu coração.
It's a Hard Life
(Mercury)
I don't want my freedom
There's no reason for living
with a broken heart
This is a tricky situation
I've only got myself to blame
It's just a simple fact of life
It can happen to anyone
You win - you lose
It's a chance you have to take with love
Oh yeah - I fell in love
But now you say it's over and I'm fallin' apart
It's a hard life
To be true lovers together
To love and live forever
in each others hearts
It's a long hard fight
To learn to care for each other
To trust in one another
right from the start
When you're inlove
I try and mend the broken pieces
I try to fight back the tears
They say it's just a state of mind
But it happens to anyone
How it hurts - deep inside
When your love cuts you down to size
Life is tough - on your own
Now I'm waitin' for something to fall from the skies
Waiting for love
Yes it's a hard life
Two lovers together
To love and live forever
in each others hearts
It's a long hard fight
To learn to care for each other
To trust in one another right from the start
When you're inlove
Yes it's a hard life
In a world that's filled with sorrow
There are people searching for love in every way
It's a long hard fight
But I always live for tomorrow
I'll look back on myself and say I did it for love
Yes I did it for love - for love -
I did it for love
terça-feira, novembro 22, 2005
A minha irmã foi a Roma
segunda-feira, novembro 21, 2005
Engenheiros, economistas e gestores
Ou são estas os únicas três licenciaturas de qualidade em Portugal? Que independentemente dos seus conteúdos asseguram que os seus graduados são pessoas de confiança, trabalhadoras, empenhadas e inteligentes? O resto só forma madraços, inúteis e incompetentes?
É curioso verificar que nos anúncios de emprego ingleses é raro ser pedido uma formação superior específica. Pedem sim um grau académico e vontade de aprender. Ou capacidades que já tenham sido desenvolvidas em cargos anteriores. Uma escolha de um curso feita aos 18 anos não condiciona para toda a vida o que uma pessoa irá fazer. É certo que certas posições requerem uma formação específica. Não queremos um médico formado em literatura inglesa nem um engenheiro de pontes licenciado em psicologia.
Mas para fazer powerpoints (que é o que parece que a maioria da força de trabalho nas empresas portuguesas se ocupa a fazer) é realmente necessário uma licenciatura em engenharia, economia e gestão?
quinta-feira, novembro 17, 2005
quarta-feira, novembro 16, 2005
Contos da modernidade avançada
Esta história é verídica e veio relatada no Público há umas semanas. E eu acho-a uma parábola deliciosa sobre como os estigmatizados revertem o estigma a seu favor financeiro, como as fortalezas urbanas revelam fraquezas quando os que é suposto ficarem de fora compram o direito a estar lá dentro e como erroneamente se julgam e classificam as pessoas com base só nas aparências. É assim a modernidade avançada.
domingo, novembro 13, 2005
De volta
sexta-feira, outubro 07, 2005
As coisas que não têm solução
Humpty Dumpty had a great fall,
All the king's horses and all the king's men,
Couldn't put Humpty Dumpty together again.
quinta-feira, outubro 06, 2005
Eclipse
Eu sei que já passaram alguns dias. Mas estive à espera que o Centro de Astrofísica disponibilizasse umas boas imagens do fenómeno. O material óptico e fotográfico destes dragões
não dá para isto. E o tempo livre e a boa disposição não têm abundado.
Gosto muito de eclipses. Lembram-me como o sistema solar funciona certinho como um relógio, com os planetas a girar em torno do sol, as luas em torno dos planetas, os planetas e as luas em torno de si mesmos, num bailado galáctico afinado e perpétuo. Gosto da luz diáfana e melancólica com que todas as coisas ficam quando a lua escurece o sol. E os eclipses são bons dispositivos dramáticos para resolver situações dificeis na literatura e no cinema. Veja-se os exemplos clássicos do Tintim, das Minas do Rei Salomão, do Ladyhawke.
Tenho pena que sejam tão raros. Mas também se fossem mais comuns não me despertariam tanto interesse.
quarta-feira, setembro 28, 2005
Algo de bonito para me alegrar
sexta-feira, setembro 23, 2005
terça-feira, setembro 20, 2005
Mais um bicho de que eu gosto
São coloridas, luzidias, húmidas, silenciosas e ágeis. E ao que parece estão em extinção. São um sinal de alarme que o aquecimento global e a poluição nos estão a matar a todos devagarinho. Tenho uma carinho especial pelas salamandras também porque o Karel Kapek, conhecido como o pai do termo robot, escreveu um livro de ficção científica em que estes anfíbios evoluiam, começavam a falar (inclusivamente checo) e travavam uma guerra contra os humanos. A realidade é bem mais triste que a ficção e somos nós que estamos a dar cabo delas...
quinta-feira, setembro 08, 2005
Já não se fazem séries assim
Os actores são soberbos. Os cenários são limitados mas correctos. A recriação de época é impecável. O argumento é sóbrio mas emocionante. As personagens são bem construídas, credíveis, coerentes, geram simpatia e interesse. As histórias são cativantes, realistas, bem construídas. E é Inglaterra, Londres, num período histórico particularmente marcante. Há a transição para o século XX, as sufragetes, a guerra, as greves, o naufrágio do Titanic, a vida boémia, os automóveis, o exército, os dias de férias. A série vive das tensões sociais entre pobres e ricos, homens e mulheres, alemães e ingleses, patrões e criados, jovens e velhos, tradicionalistas e inovadores. Nestes tempos conturbados é um bálsamo, um repouso para os olhos e para a mente, uma distração bem vinda e ansiosamente aguardada todos os serões.
sexta-feira, setembro 02, 2005
terça-feira, agosto 30, 2005
Agarrem-me senão eu mato(-o?) (-me?) (-vos?) (-nos?)
Se à República faltavam tomates, sem eles ficámos definitivamente! Manuel Alegre demonstrou em 10 minutos de directo a essência lusa que irremediavelmente nos perde, até ao imprevisível limite da pusilanimidade nacional.
Se Cavaco Silva o segue abdico definitivamente do cartão de eleitor e de qualquer modalidade de exercício da cidadania nesta esterqueira!
segunda-feira, agosto 29, 2005
Dia de festa em Paço de Arcos
quinta-feira, agosto 25, 2005
sexta-feira, agosto 19, 2005
Uma canção intrigante
Baz Luhrmann
Ladies and Gentlemen of the class of ’99
Wear Sunscreen
If I could offer you only one tip for the future,
sunscreen would be it.
The long term benefits of sunscreen have been proved by scientists,
whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience
I will dispense this advice now.
Enjoy the power and beauty of your youth, oh nevermind,
you will not understand the power and beauty of your youth until they've faded.
But trust me, in 20 years you’ll look back at photos of yourself
and recall in a way you can’t grasp now,
how much possibility lay before you
and how fabulous you really looked,
you are not as fat as you imagine.
Don’t worry about the future, or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubblegum.
The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind, the kind that blindside you at 4pm on some idle Tuesday.
Do one thing everyday that scares you
Sing
Don’t be reckless with other people’s hearts,
don’t put up with people who are reckless with yours.
Floss
Don’t waste your time on jealousy, sometimes you’re ahead, sometimes you’re behind,
the race is long, and in the end, it’s only with yourself.
Remember the compliments you receive, forget the insults,
if you succeed in doing this, tell me how.
Keep your old love letters, throw away your old bank statements.
Stretch
Don’t feel guilty if you don’t know what you want to do with your life,
the most interesting people I know didn’t know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year olds I know still don’t.
Get plenty of calcium.
Be kind to your knees, you’ll miss them when they’re gone.
Maybe you’ll marry, maybe you won’t, maybe you’ll have children, maybe you won’t,
Maybe you’ll divorce at 40,
Maybe you’ll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary
What ever you do, don’t congratulate yourself too much or berate yourself either
Your choices are half chance, so are everybody else’s.
Enjoy your body, use it every way you can, don’t be afraid of it,
or what other people think of it, it’s the greatest instrument you’ll ever own
Dance, even if you have nowhere to do it but in your own living room.
Read the directions, even if you don’t follow them.
Do not read beauty magazines, they will only make you feel ugly.
Get to know your parents, you never know when they’ll be gone for good.
Be nice to your siblings, they are the best link to your past
and the people most likely to stick with you in the future.
Understand that friends come and go, but for the precious few you should hold on.
Work hard to bridge the gaps in geography and lifestyle because the older you get,
the more you need the people you knew when you were young.
Live in New York City once, but leave before it makes you hard,
Live in Northern California once, but leave before it makes you soft.
Travel.
Accept certain inalienable truths, prices will rise, politicians will philander,
you too will get old, and when you do you’ll fantasize that when you were young
prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders.
Respect your elders.
Don’t expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund,
Maybe you have a wealthy spouse; but you never know when either one might run out.
Don’t mess too much with your hair, or by the time you're 40, it will look 85.
Be careful whose advice you buy, but, be patient with those who supply it.
Advice is a form of nostalgia, dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off,
painting over the ugly parts and recycling it for more than it’s worth.
But trust me on the sunscreen
segunda-feira, agosto 15, 2005
Contos da modernidade avançada
quarta-feira, agosto 10, 2005
Os homens da minha vida
Quando me perguntavam o que é que eu queria ser, a minha primeira e única resposta foi: astronauta. Mas os meus heróis não era os americanos na lua. Muito provavelmente por influência familiar, as minhas referências eram os cosmonautas soviéticos. A primeira cadela no espaço, Laika, a primeira mulher, Valentina Tereskova, e claro, o primeiro ser humano que se aventurou para além da atmosfera terrestre e que viu que o planeta visto de cima era azul: Yuri Gagarin. Era bonito e corajoso, morreu novo e tornou-se num ícone. A história toda está aqui. Agora já sou demasiado cobardolas para sonhar ser astronauta. Mas o sonho está lá, e volta há tona sempre que há notícias da exploração espacial. Talvez um dia eu também veja a Terra azul a partir do espaço.
sábado, agosto 06, 2005
Mais um exercício de nostalgia
Não me lembro das histórias, nem da duração dos episódios, nem sequer de quando passou na televisão. Mas os personagens e os nomes colaram-se à minha memória: o cão Franjinhas, o Zebedeu malvado, a vaca Margarida, o caracol Ambrósio. Lembro-me da música, dos bonecos, das flores de plasticina. E que não havia violência, não havia monstros, não havia merchandising agressivo nem fast food cheia de açucar a oferecer autocolantes. Pois é, uma pessoa com a idade fica mesmo conservadora e bota de elástico...
terça-feira, agosto 02, 2005
Ainda a música do século XX
And my heart beats so that I can hardly speak.
And I seem to find the happiness I seek,
When we're out together dancing cheek to cheek.
Heaven... I'm in heaven,
And the cares that hung around me through the week,
Seem to vanish like a gambler's lucky streak,
When we're out together dancing cheek to cheek.
Oh, I love to climb a mountain,
And to reach the highest peak.
But it doesn't thrill me half as much
As dancing cheek to cheek.
Oh, I love to go out fishing
In a river or a creek.
But I don't enjoy it half as much
As dancing cheek to cheek.
Dance with me!
I want my arms about you.
The charms about you
Will carry me through to...
Heaven... I'm in heaven,
And my heart beats so that I can hardly speak.
And I seem to find the happiness I seek,
When we're out together dancing cheek to cheek.
Irving Berlin
domingo, julho 31, 2005
Uma boa surpresa
Ontem fomos a mais um concerto da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras.
No programa um favorito de todos: as quatro estações de Vivaldi. Como brinde uma peça desconhecida: as variações que o Astor Piazzollla fez do clássico.
Se o Vivaldi não desaponta ninguém, o Piazzolla foi uma sublime surpresa. Muito século XX, muito tango, muita paixão tangida nas cordas (um dos violinistas inclusivamente rebentou uma das cordas do arco...). É mesmo verdade que com a idade uma pessoa refina os gostos e suponho que seja isso que me está a acontecer com a música mais recente. Mas não creio que haja esperança para o Stockhausen.
terça-feira, julho 26, 2005
sábado, julho 23, 2005
O que nos fica das férias
Na impossibilidade de concretizar estes projectos, só nos resta prolongar simbolicamente as férias, fingir que ainda lá estamos. Horas passadas a rever as centenas de fotografias tiradas, a ler os catálogos dos museus, a folhear os mementos que eu insisto em trazer, dos bilhetes de transportes às facturas dos cafés. Durante umas semanas ainda compramos os jornais importados, seguimos as notícias da terra visitada com atenção, desfilamos as recordações de férias com os amigos.
E há a comida. Talvez a maneira mais duradoura e sensorial de evocar aqueles poucos dias em que fomos tão felizes. O dragão verde encarrega-se de encontrar e reproduzir as receitas que nos deixam na boca o sabor de uma cidade amada. Há o Long Island Ice Tea de Manchester. As salsichas de Viena. A Mushroom and Stilton Soup de Edinburgo. O Vin Chaud de Paris. A Beef and Ale Pie de Londres. O salmão marinado com salada de batata de Estocolmo. As tapas de Barcelona. As francesinhas do Porto. As costoletinhas com arroz de feijão de Coimbra.
A colher de pau é uma máquina do tempo...
quarta-feira, julho 20, 2005
Autarquias
terça-feira, julho 19, 2005
sábado, julho 16, 2005
Cidade azul e verde
Um terço água, um terço floresta, um terço construção. Estocolmo é a mais perfeita cidade que conheço.
No Verão é de uma beleza radiosa. O sol quase permanente invade as ruas, reflecte-se nas águas, salienta a incrível beleza e luminosidade de muitos dos edifícios.
Os autócnes invadem os parques, misturam-se com os patos, as gaivotas e as gralhas, deitam-se na relva ao sol, dão migalhas à bicharada, deixam os filhos correr à solta. Os muitos que têm barco disfrutam das águas cálidas, cruzam-se com os paquetes e os ferry que atravessam o Báltico.
As ruas são planas, amplas e arborizadas, perfeitas para caminhar. Os transportes são regulares e bem organizados. Para todas as bolsas, não faltam cafés, restaurantes, esplanadas, lojas de conveniência com comida para um piquenique. Os museus são interessantes, os palácios opulentos. Há muito para ver, para fazer e para disfrutar.
Uma cidade boa para visitar. Boa para viver?
terça-feira, julho 12, 2005
O céu na terra
I would like to live in Sweden
When my work is done
Where the snow lies crisp and even'
Neath the midnight sun
Safe and clean and green and modern
Bright and breezy?free and easy
Sweden?Sweden?Sweden?
In Sweden
I am gonna live in Sweden
Please don't ask me why
For if I were to give a reason
It would be a lie
Tall and strong and blonde and blue-eyed
Pure and healthy, very wealthy
I'll grow wings and fly to Sweden
When my time is come
Then at last my eyes shall see them
Heroes every one
Ingmar Bergman
Henrik Ibsen
Karin Larrson
Nina Persson
sexta-feira, junho 24, 2005
terça-feira, junho 14, 2005
Na morte de um ícone
Num país de gente medíocre, há poucos personagens assim. Carismático. Persistente. Brilhante. Uma vida fascinante em tempos negros, uma crença férrea contra ventos e marés, uma arte luminosa e cheia de esperança. Dava um filme. Ou um romance. Ou uma biografia em trilogia.
quinta-feira, junho 09, 2005
Primeiro dia de praia
quarta-feira, junho 01, 2005
sábado, maio 28, 2005
Nostalgia
quarta-feira, maio 25, 2005
Gosto deste livro
terça-feira, maio 24, 2005
Revivalismo
We'll meet again,
Don't know where,
Don't know when,
But I know
We'll meet again
Some sunny day.
Keep smiling through
Just like you
Always do
Till the blue skies
Drive the dark clouds
Far away.
So will you please
Say hello
To the folks
That I know
Tell them, I won't be long.
They'll be happy to know
That as you saw me go
I was singing this song.
E aqui pode ser ouvida.
quarta-feira, maio 11, 2005
segunda-feira, maio 09, 2005
Dia da Europa
sábado, maio 07, 2005
Gosto desta série
A minha anglofilia expressa-se de muitas formas e uma delas é no culto do humor britânico. Há muitas séries geniais e Little Britain é uma delas. Os dois autores/actores desdobram-se numa conjunto de personagens surreais, ou perigosamente reais, que retratam a Inglaterra actual . A adolescente analfabeta e irresponsável, o gordo preguiçoso numa cadeira de rodas e o idealista voluntário, o único gay da aldeia galesa, o travesti vitoriano de sombrinha, a velha escritora de novelas românticas a metro, a preconceituosa coordenadora dos gordos anónimos... Há as catch-frases memoráveis, a caracterização impecável, as situações inesperadas, a crítica social, o nonsense em voz off. É a minha Inglaterra, mas num espelho distorcido.
sexta-feira, maio 06, 2005
quarta-feira, abril 27, 2005
domingo, abril 24, 2005
Wanderlust
quinta-feira, abril 21, 2005
Vantagens de uma boa imprensa...
Devo confessar que gostei daquele impulso inicial de pisar os calos ao lóbi dos comerciantes de medicamentos. Teve a importância que teve (nula) mas considerei-a uma boa entrada em jogo.
Desde lá até agora,devo dizer que me irritaram diversas medidas. Tenho estado contido mas já não consigo resistir durante mais tempo. Vou, então, enumerá-las:
1. A profunda idiotice de enviar delegados do ministério público (ou até juízes) em acompanhamento (coordenação? emissão de mandatos?) de rusgas policiais;
2. A cretinice dos 1000 estágios para jovens licenciados em ciências e engenharia a integrar nas PME. Se estas deles necessitassem efectivamente (ou seja, se houvesse uma clara determinação das necessidades de recursos humanos por parte da direcção das PME) já os teriam contratado. Assim, com subsídio estatal e tudo, devem ficar a tirar fotocópias das facturas ou a preencher as declarações de IRC e IVA. Até parece que já estou a ouvir os empresários em reunião de amigos a gozar com o assunto;
3. A rematada estupidez dos 500 estágios (300, de primeira, para licenciados provavelmente em locais glamorosos; 200 de segunda para ex-alunos das escolas profissionais, certamente para irem coser bolas de futebol e chuteiras no Paquistão) nas 7 (?) partidas do mundo, em grandes empresas mundiais, supostamente para irem aprender como se inova. Já estou a ver muito bom filho de boas famílias a manobrar para conseguir um destes estágios e depois encontrar um bom emprego nas empresas do costume que todos nós suportamos com os nossos impostos.
O governo do Santana produzia avidamente as já conhecidas idiotices e no próprio dia ou no seguinte deparava-se com a inevitável barragem crítica. O que é feito desta perante semelhante rol do novo governo? Será a imprensa maioritariamente de esquerda? Será o estado de graça?
Por agora chega. Vou investigar as novidades relativas à segurança social e já volto.
domingo, abril 17, 2005
Gosto deste filme
quarta-feira, abril 13, 2005
Gosto deste livro
O autor ficou muito mais conhecido com a série de livros sobre uma mulher detective no Botswana. Mas esta triologia (no que se confirma a minha preferência por livros múltiplos) é anterior e de todo inferior. As aventuras de um professor de filologia românica alemão garantem horas de diversão e mesmo de riso incontido. As idiossincracias académicas, os chauvinismos teimosos, as difíceis relações com o sexo oposto, as viagens, os cães salsicha, os países de opereta da América do Sul, nestes livros cabe um caleidoscópio de personagens e situações díspares e intrigantes. Não será talvez uma obra prima, mas, dentro da literatura humorística, é do melhor que há.
quarta-feira, abril 06, 2005
terça-feira, abril 05, 2005
O poder na ponta dos dedos
Se a informação é realmente poder, que extraordinário manancial de domínio está agora à nossa disposição através de um simples terminal de computador. É certo que circula na net muita informação falaciosa, errada, mistificadora, não comprovada, difamatória, etc. E que são tenebrosos os usos que podem ser feitos dos dados pessoais que residem em multiplos sítios na rede. E que se abrem portas à fraude, ao plágio, à cópia ilegal. E que provavelmente a esmagadora utilização deste recurso se dirija para o entretenimento, os jogos, a pornografia, a conversa de chacha.
Mas que mundo de possibilidades se abre com a internet. Consultar uma enciclopédia, ler um livro ou um artigo científico, verificar uma data ou um nome, estar a par das notícias, marcar uma viagem, comprar um frigorífico, ouvir música, ver um filme, visitar um museu virtual, encontrar um poema, conferir a grafia de uma palavra ou o significado de uma expressão, pesquisar uma receita, fazer a inscrição num congresso, procurar emprego, reservar um bilhete para um espectáculo, falar com amigo distante.
Nenhum destes actos é verdadeiramente novo. Mas poder realiza-los todos do conforto de casa, sentado numa cadeira, apenas pela pressão dos dedos num teclado, é magnífico.
domingo, abril 03, 2005
Gosto desta música
Johannes Sebastian Bach é para mim o maior entre os mestres. Entre centenas de obras-primas, esta é talvez a minha preferida. A harmonia perfeita tão típica do barroco é levada ao extremo, aos limites do sublime. Lembra-me bosques verdejantes num dia de sol, o sol a brilhar entre as folhas das árvores, um regato a correr através de um prado, um dia de sonho. Música para louvar a deus.
sábado, abril 02, 2005
Os homens da minha vida
sexta-feira, abril 01, 2005
Espírito da Primavera
That floats on high o'er vales and hills,
When all at once I saw a crowd,
A host of golden daffodils,
Beside the lake, beneath the trees,
Fluttering and dancing in the breeze.
Continuous as the stars that shine
And twinkle on the Milky Way,
They stretch'd in never-ending line
Along the margin of a bay:
Ten thousand saw I at a glance,
Tossing their heads in sprightly dance.
The waves beside them danced, but they
Outdid the sparkling waves in glee:—
A poet could not but be gay
In such a jocund company!
I gazed, and gazed, but little thought
What wealth the show to me had brought:
For oft, when on my couch I lie
In vacant or in pensive mood,
They flash upon that inward eye
Which is the bliss of solitude;
And then my heart with pleasure fills,
And dances with the daffodils.
W. Wordsworth
quarta-feira, março 30, 2005
Lindo gatinho
quinta-feira, março 24, 2005
No centenário
Acho que foram os livros de Julio Verne a fazer germinar o meu amor pela literatura. Tantas horas entretidas em viagens de balão, submarino, elefante, veleiro, foguetão, transatlântico, cavalo, comboio. Em África, na China, na Patagónia, na Polinésia, na Sibéria. O heroi destemido, a heroína a carecer de regate, os companheiros humorísticos, o vilão odioso. Numa ilha, num castelo, no fundo do mar, à volta do mundo, dentro de um vulcão. Máquinas engenhosas, futuros tecnológicos, natureza extrema. De tudo havia nos romances de Julio Verne. Até enlaces românticos. Mas sobretudo aventura, exploração, descoberta. São hinos de amor à ciência mas também às virtudes humanas: coragem, generosidade, engenho, curiosidade, amizade.
Há em Paris uma livraria com o nome dele. Dedicada à literatura de viagens.
domingo, março 20, 2005
Música para as massas
sábado, março 19, 2005
Memorabilia
Há muitos anos passava na tv uma série de desenhos animados jugolsva de que guardo ternas memórias. O Professor Baltazar resolvia todos os problemas do mundo construindo máquinas que terminavam em torneiras que deitavam um líquido que provoca uma explosão e tudo acabava em bem. Pacifista, bem humorado, divertido, colorido. Já não há desenhos animados assim...
terça-feira, março 15, 2005
segunda-feira, março 14, 2005
Às vezes isto não me sai da cabeça
Where no doctor can relieve me
If I'm buried 'neath the sod
But the angels won't receive me
Let me go, boys
Let me go, boys
Let me go down in the mud
Where the rivers all run dry
Bury me at sea
Where no murdered ghost can haunt me
If I rock upon the waves
Then no corpse can lie upon me
It's coming up three, boys
Keeps coming up three, boys
Let them go down in the mud
Where the rivers all run dry
Pogues
sexta-feira, março 11, 2005
Contra o Dia da Mulher
segunda-feira, março 07, 2005
Gosto deste bicho
Tem muito em comum comigo, é herbívoro, inofensivo e pouco amigo de se mexer com velocidade. Alguns exemplares tornam-se mesmo esverdeados, devido a algas que crescem no pêlo. Têm um ar sorridente e quase humano. Não chateiam ninguém, chegam a estar uma semana sem deixar uma árvore. É um bicho simpático.
domingo, março 06, 2005
Outro dia de disposição patriótica
And did those feet in ancient time
Walk upon England's mountains green?
And was the holy Lamb of God
On England's pleasant pastures seen?
And did the Countenance Divine
Shine forth upon our clouded hills?
And was Jerusalem builded here
Among these dark Satanic mills?
Bring me my bow of burning gold:
Bring me my arrows of desire:
Bring me my spear: O clouds unfold!
Bring me my chariot of fire.
I will not cease from mental fight,
Nor shall my sword sleep in my hand
Till we have built Jerusalem
In England's green and pleasant land.
William Blake
terça-feira, março 01, 2005
Ódios de estimação
Adoro parquímetros. Custa-me pagá-los, mas aceito a despesa adicional como um imposto por preterir os transportes públicos. Verdade seja dita, para o par de horas que geralmente uso, a quantia é irrisória. Adoro parquímetros porque me permitem arranjar estacionamento em qualquer parte da cidade: é tal a repugância dos automobilistas por dispender uns trocos que há sempre lugares disponíveis. Mas tal também traz malefícios. Carros nos passeios, carros nas curvas, carros nas passadeiras, carros a tapar a visibilidade, carros à porta da garagem, carros nos viadutos, carros nas rotundas.
Depois há a mania tão portuga do "eu vou só ali e já volto": carros em segunda fila, carros no meio da estrada, carros a impedir o caminho. E do "é só um instantinho para deixar aqui um passageiro". E agora a moda de parar o carro na berma, mesmo na auto-estrada, para atender o telemóvel.
Ai se eu tivesse o raio da morte...
domingo, fevereiro 27, 2005
A peste
sábado, fevereiro 26, 2005
Gosto deste livro
Confesso uma predilecção por livros multiplos: triologias, tetralogias, dodecaedrologias... Mais satisfatórios ainda que os livros longos, porque a divisão em obras autónomas torna possível fazer pausas, interrupções mais ou menos longas, retomar a história sem perder o rumo porque são geralmente feitas referências aos volumes precedentes...
E este é um dos meus favoritos. O exotismo dos sítios, das personagens, das situações, a atmosfera complexa do entre-guerras, a escrita poética e cuidada. Está muito bem conseguida a pluralidade de pontos de vista em que um mesmo acontecimento é descrito em diferentes momentos do livro. É tantalizador tentar perceber todos os fios da meada, que só se destrinçam na totalidade quando se chega ao fim do quarto volume. Como na vida, não há finais felizes e não há verdadeiramente um fim da história.
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
A vida continua
On a simple line day by day
The earth spins on its axis
One man struggle while another relaxes
Massive Attack
terça-feira, fevereiro 22, 2005
Isto ajuda-me a pensar
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
Declaração de voto
A mobilização é quase nula mas entendo que é necessário mudar. E com maioria absoluta.
É imprescindível que não restem desculpas para o imobilismo e para a sujeição da vontade aos lóbis e corporativismos que tolheram o (tímido) impulso de mudança dos últimos governos.
Estou também convencido que, mesmo que obtenha a maioria absoluta, o governo do PS não terá vida fácil. Seguindo-se ao inenarrável governo de Santana Lopes, este governo será, provavelmente, o mais escrutinado da ainda curta história democrática portuguesa. E é necessário que assim seja. Não para que cumpra o seu programa eleitoral, cujo destino pós-eleitoral será, certamente o lixo. Mas para alinhave e cumpra três ou quatro medidas fundamentais para o futuro do país. Controle das finanças públicas, qualificação das novas gerações e das menos novas até ao limite do democraticamente possível, reforma fiscal e reforma da justiça. Saúde e Segurança Social para quando possível.
Não será certamente a última oportunidade, mas não teremos muitas mais.
quinta-feira, fevereiro 17, 2005
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
Dia de S. Valentim
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
Almeida Garrett
domingo, fevereiro 13, 2005
sábado, fevereiro 12, 2005
Um dia tão bonito merece uma canção de Cole Porter
I'm in Heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find the happiness I seek
When we're out together dancing cheek to cheek
Heaven
I'm in Heaven
And the cares that hang around me through the week
Seem to vanish like a gambler's lucky streak
When we're out together dancing cheek to cheek
Oh! I love to climb a mountain
And to reach the highest peak
But it doesn't thrill me half as much
As dancing cheek to cheek
Oh! I love to go out fishing
In a river or a creek
But I don't enjoy it half as much
As dancing cheek to cheek
Dance with me
I want my arm about you
The charm about you
Will carry me through to
Heaven
I'm in Heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find the happiness I seek
When we're out together dancing cheek to cheek
sexta-feira, fevereiro 11, 2005
Gosto deste filme
Deve ser a enésima adaptação do livro, mas é também uma das mais fiéis. Está lá o estilo ultra-romântico, a tragédia, o erotismo, a weltanschauung oitocentista do progresso, da doença, da nostalgia medieva. E estão as imagens oníricas, as cores fortes, as passagens de cena imaginativas de um grande realizador. Se os secundários são contestáveis (ainda está para aparecer um filme em que o Keanu Reeves seja mais expressivo que o pinóquio), os actores principais foram escolhidos a dedo. Eu tive dúvidas antes de ver o Gary Oldman, mas era mera ignorância. Sedutor e temível, o sotaque mitteleuropa fica na memória. I have crossed ocean of time to find you...